Tendo assumido a concessão dos antigos Estaleiros de Viana do Castelo, a WestSea, do Grupo Martifer, tem vindo a conseguir recuperar trabalho, congregando já um conjunto de 225 trabalhadores directos, a tempo inteiro, como nos é dito na entrevista com o seu Director Executivo, Pedro Duarte.

Qual os balanço geral da actividade ao fim de pouco mais de um ano de posse dos estaleiros de Viana do Castelo. O que correu bem, o que esteve acima das expectativas e quais as maiores surpresas negativas?

O Balanço é fracamente positivo e a nossa avaliação aquando do concurso foi bastante cuidadosa, o que permitiu não ter grandes surpresas. Mas dir-lhe-ia que destacava sem dúvida como aspecto mais positivo as pessoas que quase semanalmente ao longo deste período fomos recrutando. É gente com muita vontade, muito conhecimento e que independentemente de quem está a gerir os destinos da empresa, gosta muito do que faz e vive os sucessos da empresa com muito entusiasmo. Talvez, pelo lado negativo, realçava o avançado estado de deterioração de algumas infra-estruturas existentes.

 

Aprovada a construção dos 2 Navios Patrulha Oceânicos (NPO) para a Armada Portuguesa, num contrato avaliado em 77 milhões de euros, a sua entrega continua planeada para 2018, conforme inicialmente previsto? Qual a importância estratégica destas adjudicações? Perspectivam-se outras encomendas similares?

O planeamento de construção é de 33 meses para o primeiro navio e 39 meses para o segundo após entrada em vigor do contrato, que ocorreu em Setembro de 2015.

Construir navios com elevada incorporação tecnológica é a forma de podermos ser diferenciadores devido à qualidade e know-how dos nossos quadros. A construção naval  é hoje em algumas zonas do globo, devido ao preço da mão-de-obra e à redução dos custos logísticos muito mais competitiva do que na Europa, o que faz com que tenhamos cada vez mais que apostar em nichos específicos de produtos e na especialização.

Neste sentido, os navios patrulha são claramente um produto estratégico e que queremos continuar a desenvolver e apresentar novas soluções que possam ir ao encontro das necessidades dos nossos clientes, e assim, poder merecer novamente a sua confiança no futuro.

 

Qual a importância da participação da EDISOFT no projecto? Há perspectiva de uma parceria mais estreita entre ambas as empresas ou até com outras?

Nós gostamos de trabalhar em parceria e facilmente poderia mencionar-lhe mais meia dúzia de outros parceiros que estão a trabalhar connosco noutros projectos. Claro que a parceria que refere, ou seja, o acordo de consórcio que fizemos com a EDISOFT, que já tinha participado na construção dos anteriores navios patrulha, demonstra que ambas empresas entenderam que juntas terão a capacidade e conhecimento necessário para assegurar a sua boa execução.

 

Em que fase de desenvolvimento se encontra a construção dos navios-hotel para o Douro? Qual o valor das encomendas?

São para entregar no próximo mês de Fevereiro…

 

Sabendo que os Estaleiros de Viana têm também vindo a especializar-se na manutenção de navios, qual o número de navios recebidos ao longo do último ano e qual o volume de negócios que representou no volume total de negócios da West Sea?

A Reparação Naval foi sempre uma actividade fundamental neste estaleiro e o que queremos é potenciá-la ainda mais. Neste ultimo ano, reparamos 40 navios, o que representou um volume de negócios de aproximadamente 10M€.

 

Como se posicionam hoje os estaleiros de Viana do Castelo em termos de mercado nacional e em termos de mercado internacional?

Estes estaleiros pela sua localização e dimensão, sempre foram uma referência na construção e reparação naval. Como sempre dissemos, pretendemos manter essa vocação histórica, sabendo que de acordo com a especialização e características de cada estaleiro, haverá espaço para todos poderem atuar.

 

Quais as principais linhas de desenvolvimento estratégico da West Sea para os próximos anos?

Como já referi, aposta em segmentos de construção em que pela experiência e conhecimentos adquiridos possamos ser competitivos, como é o caso de navios militares e navios cruzeiro.

Aposta na reparação e conversão de navios.

Aposta na construção de outros produtos e equipamentos que pela sua dimensão e pela ligação da West Sea ao grupo Martifer, possam vir a necessitar de ser construídos em espaço de estaleiro.

 

Quais os principais projectos de internacionalização, incluindo o caso da Argélia, para os próximos anos?

Uma das nossas linhas de orientação estratégica  passa pela internacionalização da marca West Sea, uma vez que a actividade de reparação naval se faz de proximidade. Estamos a olhar para algumas oportunidades que nos têm surgido, mas o projecto que vai começar a ser desenvolvido já este ano é o nosso estaleiro na Argélia, em parceria com a empresa pública de reparação naval Argelina, Erenav.

 

Principais projectos de investimento a breve prazo e perspectivas de expansão?

Os investimentos no estaleiro da West Sea passam essencialmente pela renovação das infra-estruturas e das suas instalações, que é o que temos feito desde que chegámos, num investimento já superior a 4M€. Temos previsto nos próximos anos modernizar alguns equipamentos, por forma a dotar o estaleiro das condições necessárias e adequa-lo às exigências de construção e reparação que vamos tendo. Relativamente à Expansão, como lhe referi anteriormente, estamos a avaliar várias oportunidades, sendo certo que a Argélia já é uma realidade.

 

Quantas trabalhadores empregam hoje os Estaleiros de Viana do Castelo? Qual a perspectiva de evolução?

Directos, em Janeiro de 2016, 225.

A perspectiva é de um aumento gradual durante o ano de 2016 que poderá atingir os 50%, tendo por base as encomendas já garantidas e a possibilidade de fechar mais contractos de construção que nos encontramos actualmente a negociar.

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