A exclusão dos estaleiros de desmantelamento de navios de Alang, na Índia, da lista de infra-estruturas de abate de navios que a União Europeia (UE) começou a divulgar no âmbito do seu regulamento sobre a matéria (European Union Ship Recycling Regulation, ou EUSRR) poderia ameaçar o processo de melhoramento das condições daquelas instalações, na opinião de Anil Sharma, CEO da GMS, uma empresa compradora de navios para reciclagem.
De facto, o EUSRR foi aprovado no Jornal Oficial da UE em 2013 e implementa os requisitos da Convenção de Hong-Kong para a Reciclagem Segura e Ambientalmente Saudável de Navios (HKC, acrónimo em inglês). Aplicável aos navios sob bandeira de um Estado-Membro da UE ou de países terceiros que escalam portos da UE, o regulamento estabelece requisitos obrigatórios para os navios, os armadores e os estaleiros de reciclagem que pretendam desmantelar navios da UE.
Como desde Janeiro deste ano 20 dos 132 estaleiros de desmantelamento de navios de Alang foram certificadas por sociedades classificadoras com o Statements of Compliance (SoC), conforme a HKC, e outros 20 estaleiros do mesmo género estão avançado estado de desenvolvimento de um processo semelhante, Anil Sharma teme que a rejeição destas infra-estruturas pela UE possa retardar um trajecto de modernização traçado para estas unidades.
Outro efeito temido por Anil Sharma é a diminuição da pressão internacional exercida pelos armadores de navios sob bandeiras da UE em prol da aplicação do HKC, o qual tem conquistado cada vez mais adeptos na Índia. O Governo indiano, aliás, anunciou recentemente a sua intenção de ratificar o HKC em 2017.
Defensor de uma reciclagem sustentável de navios, o mesmo responsável considera importante a implementação do HKC e a inclusão dos estaleiros de Alang, zona considerada como o maior cemitério de navios do mundo, na lista da UE, algo que permanece incerto, possivelmente apenas por causa do recurso ao método de beaching no desmantelamento de navios.
O beaching é um método de desmantelamento dos navios em praia e é considerado perigoso e nocivo para o ambiente, devido ao depósito de resíduos no solo, entre outros riscos. Tem sido muito utilizado em países do Extremo Oriente, em boa parte por causa das suas extensas costas e da mão-de-obra local pouco dispendiosa.
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