A francesa Total anunciou que vai retirar-se do projecto de exploração de gás natural offshore South Pars 11 (SP11), no Irão, que explora a maior jazida mundial de gás, na sequência da imposição de sanções pelos Estados Unidos a todas as empresas não norte-americanas que prossigam negócios com o Estado iraniano.
A não ser que a empresa seja excluída desse plano de sanções, a Total “não está em posição de manter o projecto SP11 e vai cessar as suas operações com ele relacionadas antes de 4 de Novembro”. Se não ficar isenta, a empresa ficará sujeita a sanções de âmbito financeiro.
A Total é clara neste aspecto. A sujeição a sanções pode incluir a perda de financiamento em dólares por parte dos Bancos norte-americanos, que estão envolvidos em 90% das operações da empresa em todo o mundo, a saída de accionistas norte-americanos, que são 30% dos seus accionistas, e a impossibilidade de continuar as suas operações nos Estados Unidos, onde os activos da Total representam mais de 8,4 mil milhões de euros.
Segundo refere o Maritime Executive, a Total detém 50,1% do projecto, a empresa estatal chinesa CNPC detém 30% e a iraniana National Iranian Oil Company (NIOC) 19,9%. A saída do projecto não implicará o fim do SP11, dado que, segundo terá afirmado um responsável da NIOC, a CNPC assumirá a posição da Total. Menos exposta às sanções dos Estados Unidos, a CNPC poderá mesmo assim ter algumas vulnerabilidades, como já sucedeu no passado. A publicação recorda que a CNPC já tomou posição na Total em 2010, que abandonou em 2012 quando o Irão ficou sujeito a sanções internacionais.
Entretanto, a MSC também já anunciou que, pelas mesmas razões, vai deixar de prestar serviços de e para o Irão. Durante o período de conclusão dos serviços, que no limite será até Novembro deste ano, a empresa continuará, todavia, a colaborar na importação de produtos alimentares pelo Irão.
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