Ricardo Santos, director da Sesibal, explica que antes dos anos 70, havia «800 pescadores» em Setúbal, agora «são cerca de 100», e que questões ambientais levaram, de cerca de 300 espécies, a uma redução para metade.
Considera que a política europeia na região foi «um fracasso, um flagelo», levando pescadores ao limiar da pobreza, com 18 horas de trabalho e o rendimento de 100 euros por semana, sem compensações, lidando com taxas e outros problemas.
«O mar está lá mas não há política para o desenvolvimento económico», afirma, «o que acontece hoje no mar é uma autêntica caça há multa! A ministra foi negociar com a Espanha uma quota de 50% e pomposamente vai à comunicação social dizer que conseguiu os melhores contratos de sempre! Quando trocou o carapau pela sardinha!» critica.
Carlos Pratas, da Setúbal Pesca, defende que a pesca merece «outra consideração, considerando as multas que hoje se aplicam como «ridículas», porque «são pequenas empresas, os pescadores não lucram e só as organizações podem dar esse passo, mesmo que pescadores não queiram!».
Outro problema é a população envelhecida. O Formar está a formar pouca gente, e a idade média do pescador é 50 anos. «O sector tem futuro e há esforços, como é o caso da cavala» que com o mercado do sushi tem crescido, assim como no seu uso para novos produtos, como hambúrgueres, «mas é necessário dignificar a profissão!».
Natália Henriques, coordenadora da ADREPES, fez um balanço do trabalho feito pela associação com o eixo 4 do PROMAR, focado para a pesca, com um financiamento que ronda os 3 milhões de euros para 20 projectos, com financiamentos adicionais vindos de outras iniciativas, e conclui que os financiamentos da fase recentemente conseguida «não serão tão bons» como os anteriores.
A pesca recebeu 90% do dinheiro dado à ADREPES, mas não voltarão a ter taxas tão boas, mas a associação continua aberta a projectos que as comunidades piscatórias queiram apresentar. Criar uma associação de ostricultores «tem sido falado» adianta, como forma de fazer crescer esta área, ainda muito nova na península.
Contudo, são exigidas muitas coisas em recursos materiais e humanos, muitas vezes não adequadas aos espaços disponíveis, até nas maiores produções, as burocracias demoram anos, e o negócio demora a estar pronto.
Como a aqui-cultura ainda é um negócio de micro e pequenas empresas e negócios de família, muitos têm prejuízo antes de começar, sendo por isso considerado, no final, um fracasso em Portugal, com falta de massa crítica e também por questões culturais, com a pesca a ser colocada antes no mercado.
Estarem agregados à na área metropolitana de Lisboa, concluem, é um dos maiores impedimentos à economia azul setubalense.
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