Um relatório recente sobre a navegação no Árctico canadiano da Pew Charitable Trusts, intitulado The Integrated Arctic Corridors Framework, veio propor a criação de um sistema exaustivo de rotas e novos modelos de gestão do transporte marítimo para a região, na sequência do aumento do tráfego de navios decorrente da diminuição da camada de gelo naquela zona do globo, referia há dias o jornal World Martime News.
De acordo com o jornal, citando o relatório, o Governo do Canadá precisa de criar uma estrutura de gestão para o corredor de navegação no Árctico para fazer face ao incremento do tráfego na região. Segundo as mesmas fontes, o quadro actual não responde às necessidades e complexidade da situação e o Canadá carece de uma visão para a política de transportes marítimos na região.
A questão adquire particular importância na medida em que o tráfego marítimo no Árctico mais do que duplicou nos últimos 40 anos, enquanto a camada de gelo diminuiu, com consequências para os habitats situados nas rotas utilizadas, onde convergem, além da navegação, actividades humanas, pássaros e mamíferos marinhos.
A Pew Charitable Trust recorda no documento que o Canadá tem insuficiências materiais relativamente à gestão do Árctico. E refere que o país é o que tem menos percentagem de quebra-gelos por área de costa árctica entre os países árcticos costeiros, tem menos de 1% das suas águas árcticas monitorizadas e só 10% das cartas náuticas cumprem os padrões mais modernos.
O relatório sugere que a Northern Marine Transportation Corridors Initiative (NMTCI), uma iniciativa lançada há poucos anos pela Guarda Costeira canadiana para identificar as lacunas do país relativamente a esta matéria, poderia ser a base de uma política nacional para a navegação no Árctico.
A NMTCI procura estabelecer um sistema de corredores voluntários para os quais a Guarda Costeira e outras entidades poderão encaminhar os seus recursos financeiros, humanos e materiais com o propósito de apoiar a segurança dos navios no Árctico. Mas, diz o jornal, para ser a génese de uma política, a NMTCN teria que ser ampliada para responder à complexidade ambiental e social do Oceano Árctico canadiano.
Além de uma estrutura de governação para o Árctico canadiano com poderes para administrar e gerir os corredores de navegação, o mesmo documento sugere compromissos com a comunidade Inuit (vulgarmente conhecidos por “esquimós”) e a sua presença dessa estrutura, integração de informação sobre navegação, gelo e rotas das migrações animais, identificação e classificação de rotas por grau de risco e monitorização dos procedimentos.
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