Maersk pode retomar operações em Lisboa se terminarem os atrasos nas cargas e descargas

A Maersk comunicou à Administração do Porto de Lisboa (APL) a suspensão das suas linhas para o Brasil e África no porto de Lisboa, com desvio de navios para os portos de Leixões e Sines, enquanto durar a actual situação «de desorganização da normal operacionalidade do porto de Lisboa, com atrasos nas cargas e descargas», conforme confirmou ao nosso jornal a presidente do Conselho de Administração da APL, Marina Ferreira.

Recorde-se que a situação de desorganização decorre da insuficiência de pessoal, cuja contratação é da responsabilidade dos concessionários das operações de carga e descarga de contentores, que têm sido confrontados com pré-avisos de greve desde Setembro por parte do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal. Segundo Marina Ferreira, os pré-avisos, «tanto quanto sei», não se concretizaram em greves porque os concessionários, pressionados pela posição do sindicato, não contrataram pessoal extra necessário para os serviços de carga e descarga.

De acordo com declarações da mesma responsável ao nosso jornal, «o impacto desta situação é significativo e as consequências são graves». Como pode estar em causa o serviço público prestado pela APL, esta entidade convocou os concessionários para lhes exigir o cumprimento dos serviços de carga e descarga a que estão obrigados pelo contrato de concessão. No entanto, não deixou de manter uma posição de apelo à calma, serenidade e diálogo junto dos concessionários.

Questionada sobre o impacto económico concreto da situação, a presidente da APL afirmou-nos que essa análise só se faz no final da mesma, pelo que não nos adiantou qualquer valor. No entanto, em comunicado de 4 de Dezembro último, a Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL) adiantou que uma greve de seis meses em 2012 e outra de três meses em 2013 provocaram «quedas superiores a 40% no tráfego de cargas marítimas em Lisboa e nefastas repercussões que ainda perduram na actividade do porto». E em declarações ao nosso jornal, António Belmar da Costa, presidente da Associação de Agentes de Navegação (AGEPOR), também reconheceu que «a situação é grave».

Recorde-se igualmente que a Maersk, que agora suspendeu a operação no porto de Lisboa, é considerado o maior armador mundial. Sobre o eventual abandono ou suspensão da operação em Lisboa por parte do armador Hapag-Loyd, não obtivemos confirmação.



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