O movimento de mercadorias nos portos comerciais do Continente atingiu 14,7 milhões de toneladas nos dois primeiros meses deste ano, menos 8% do que no período homólogo de 2017, segundo dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). Foi ainda o primeiro registo de evolução negativa neste período desde 2012.
A AMT refere que “o período Janeiro-Fevereiro de 2018 está a ser comparado com o seu homólogo de 2017, no qual o porto de Sines havia registado um notável pico de actividade, comparativamente ao homólogo anterior, traduzido por um acréscimo de +30,4% em termos globais e de +51,5% na Carga Contentorizada (induzida pela variação de +65,1% no tráfego de transhipment de Contentores, medido em TEU)”.
Por este motivo, a AMT considera que o actual comportamento do porto de Sines, que registou uma quebra de 19,1% face ao período homólogo de 2017, “reflectirá provavelmente um regresso à sua trajectória normal, a que subjaz um crescimento global de carga de +8,2% e de +20,2% na Carga Contentorizada, relativamente aos valores homólogos de 2016”.
Nem os resultados positivos dos portos de Leixões (+5%), Aveiro (+21,6%), Figueira da Foz (26,4%), Lisboa (+3,9%) e Setúbal (+3,3%), face ao período homólogo de 2017 evitaram esta queda nos primeiros dois meses deste ano, sendo que em Leixões e Aveiro se verificou “o volume de carga mais elevado de sempre nos períodos homólogos”, refere a AMT.
“O volume de carga movimentada no período Janeiro-Fevereiro de 2018 confere a Sines uma quota de 50,1%, inferior em -6,9 pontos percentuais à que detinha no período homólogo de 2017, cujo efeito a nível dos outros portos é a majoração do reforço das respetivas quotas”, refere a AMT, sublinhando que o porto de Sines, apesar disso, mantém a maioria absoluta.
Relativamente aos outros portos, “sublinha-se que Leixões ganha 2,6 pontos percentuais, subindo a sua quota para 20,8%, Lisboa e Aveiro ganham 1,5 pontos percentuais e sobem as respectivas quotas para 12,8% e 6,1%, Setúbal e Figueira da Foz reforçam os respectivos pesos relativos da tonelagem que movimentam em 0,8 e 0,6 pontos percentuais, para 7,3% e 2,3%”, esclarece a AMT.
Em carga contentorizada, o porto de Sines registou uma quebra de 20,7%, acompanhada por quedas nos produtos petrolíferos (-23,1%), no petróleo bruto (-8%) e carvão (-20,5%). A AMT nota que “o comportamento do mercado dos Produtos Petrolíferos em Sines é semelhante ao da Carga Contentorizada, pois a quebra verificada no período em análise é reflexo do extraordinário acréscimo observado em 2017 face a 2016, de +48,3% (significando que o volume de 2018 face a 2016 representa um crescimento de +14%)”.
Nos mercados com variações positivas face a 2017, a AMT destaca o dos produtos agrícolas em Lisboa (+36,7%), o dos produtos petrolíferos em Aveiro (+187,3%), e o de petróleo bruto em Leixões +10%). O segmento Roll-On/Roll-Off também registou um movimento positivo nestes dois meses (+19,9%), “influenciado pela variação de +55,4% registada no porto de Setúbal, cruzada com +7,3% em Leixões”, refere a AMT.
A AMT referiu ainda que o movimento de navios verificado em Janeiro e Fevereiro deste ano, “incluindo as diversas tipologias e variedade de operações efectuadas”, caracterizou-se “por um aumento, quer no número de escalas, quer no volume de arqueação bruta (GT), na generalidade dos portos, com excepção de Sines e Faro”.
“Em termos globais constata-se que o número de escalas observa uma variação positiva de +3,2%, resultante do facto de o aumento registado principalmente nos portos de Aveiro (+10,9%, +17 escalas), Douro e Leixões (+3,6%, +14 escalas), Setúbal (+5,1%, +12 escalas) e Lisboa (+2,7%, +10 escalas), ter anulado a diminuição verificada em Sines (-6,1%, -23 escalas)”, refere a AMT.
“Já no tocante ao volume de GT, a redução de -10,5% verificada em Sines, anula os aumentos registados na arqueação bruta dos outros portos, em particular Aveiro e Setúbal, que após acréscimos respectivos de +22,4% e +13,6%, registam o volume mais elevado de sempre nos períodos homólogos, pelo que se regista uma diminuição global de -1,3%”, segundo a AMT.
Um comentário em “Portos nacionais com menos 8% de carga”
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Um mal anunciado com muita antecedência, mas ignorado como sempre. Nem vale a pena crucificar o Presidente do Conselho de Administração do Porto de Sines por erros e omissões com 160 anos. Porque há muitos anos que era previsível que o crescimento pararia senão avançasse a diversificação. Um país ferroviariamente balcanizado e sem ligação ferroviária entre o Norte e o Sul há muito que está condenado a não tirar proveito do Porto de Sines.
Quando a Medway avançou para o transporte de contentores de Huelva para Sines percebeu-se que isso seria positivo mas sacrificante. Andar a passear com os contentores pela rota Sines – Poceirão – Lisboa – Abrantes – Portalegre – Elvas – Badajoz ou pela rota Sines – Poceirão – Vendas Novas – Coruche – Setil – Abrantes …. nunca assegurará uma alternativa competitiva para o transporte. Só num país das Arábias… E muito mais inviável para comboios de 750 m. É tempo de despertar e acelerar na recuperação dos anos perdidos. Concluir rapidamente a ligação Sines – Badajoz via Plataforma Logística do Poceirão e avançar na modernização da ferrovia visando a desbalcanização ferroviária do País. E na Terceira Travessia do Tejo, com capacidade para comboios de 750 m.