Um aumento de 25% no desempenho dos portos da África sub-saariana pode fazer crescer 2% o Produto Interno Bruto (PIB) dos países da região, de acordo com um relatório da PwC sobre o desenvolvimento portuário em África apresentado este mês e citado pela Maritime Executive.
Segundo o mesmo relatório, realizado num contexto em que os portos da região enfrentam desafios para captarem investimento externo, podem ser poupados cerca de 1,8 mil milhões de euros anuais em custos de logística se duplicar o movimento médio nos principais portos da África sub-saariana.
Na opinião de Andrew Shaw, responsável da PwC Africa Transport and Logistics, “os portos da África sub-saariana estão sob intensa pressão para responder às necessidades crescentes das empresas de transporte marítimo, fornecedores de serviços de logística e comerciantes internacionais, procurando criar ganhos de eficiência através da cadeia de valor”.
Do mesmo modo, Shaw considera que as empresas de transporte global e a indústria de logística “já não poem ignorar os desenvolvimentos em África”, sublinhando que os operadores de logística, em particular, “continuarão a desempenhar um papel de facilitador na competitividade comercial” e a contribuir para o crescimento económico sustentado da região.
O relatório da PwC lembra também que o comércio de mercadoria da África sub-saariana cresceu cerca de 300% nos últimos 30 anos, mas que a região contribuiu menos de 1% em valor para o crescimento do comércio global ao longo do mesmo período. O que remete para o forte mas mal aproveitado potencial dos portos da região.
Uma das razões para esse desaproveitamento reside na falta de investimento, que pode colocar em causa o próprio crescimento da região, até porque se nota o congestionamento dos portos, num mercado dotado de vastos recursos e uma população crescente. Mas a PwC alerta para o risco de investimentos realizados sem perspectiva de um crescimento sustentável dos portos e sem conhecimento da eficiência e eficácia do seu desempenho, pode não gerar os resultados desejados.
Por outro lado, o documento assinala que apesar de a região dispôr de grandes volumes de carga que requer transporte, o desenvolvimento e a integração dos portos numa cadeia logística mais ampla permanecem assimétricos. Alguns portos geram grandes benefícios e servem grandes hinterlands, estendendo-se mesmo para lá das fronteiras dos respectivos países. Outros, carecem de instalações, fiabilidade e eficiência no movimento da carga, aumentando os custos. Uma disparidade que se reflecte na perda de competitividade de todo o continente africano.
Em todo o caso, o relatório revela que, com base no nível de conectividade das empresas de navegação, volume comercial movimentado nos portos e dimensão de hinterlands, alguns portos irão provavelmente emergir como principais plataformas no sul da África (porto de Durban, na África do Sul), na África ocidental (porto de Abidjan. na Costa do Marfim) e na África oriental (porto de Mombaça, no Quénia).
Outra situação que constitui um desafio para a região é o desequilíbrio entre as exportações de matérias-primas e a importação de bens manufacturados. As importações da África sub-saariana são essencialmente de carga contentorizada, enquanto as exportações são sobretudo de granéis, o que faz com que muitos contentores dos produtos importados regressem vazios à origem, assim consumindo uma valiosa capacidade portuária e aumentando os custos da entrada de contentores (cheios) para compensar as perdas com a saída dos mesmos (vazios).
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