Sem surpresa, os estaleiros do sul da Ásia receberam a grande fatia dos navios vendidos para desmantelamento no segundo trimestre deste ano, tendo causado, até à data, 18 mortos e 9 feridos.
Estaleiros de reciclagem

Dos 220 navios desmantelados em todo o mundo no segundo trimestre deste ano, 169 foram-no nas praias da sul da Ásia, onde as condições de abate dos navios são, há muito, criticadas pelos danos que provocam ao ambiente e pela falta de segurança laboral, segundo dados da organização não-governamental (ONG) Shipbreaking Platform que, já registou 18 mortos e 9 feridos. Ao todo, no primeiro semestre foram desmantelados 426 navios.

De acordo com esta ONG, no período em análise, os locais de desmantelamento onde mais mortes ocorreram foi no Kabir Steel, no SN Corporation e Janata Steel – clientes do banco britânico, Standard Chartered Bank (SCB), embora o mesmo não se tenha pronunciado sobre o caso.

Os armadores com mais navios encalhados são os armadores da América, da Grécia, e dos Emirados Árabes Unidos, sendo a empresa Tidewater, a que mais embarcações vendeu – quinze embarcações encalhadas.

Ainda no final de Abril, o Paquistão reabriu o mercado à importação de petroleiros, pelo que em dois meses, 22 petroleiros chegaram às praias de Gadani para serem desmantelados. O que fontes da indústria relatam como sendo fruto da desvalorização das taxas de frete que contribuíram para a demolição de mais de 100 petroleiros no primeiro semestre de 2018.

Apenas três dos navios arvoravam bandeira europeia, da Grécia, de Malta e da Noruega, quando foram encalhados no último trimestre. Os restantes navios, vendidos aos estaleiros de Chittagong, Alang e Gadani, passaram antes por um registo de embarcações para alterar as suas bandeiras de origem por bandeiras de conveniência, particularmente populares entre os denominados cash-buyers (compradores a pronto).

 

Notícia actualizada 31 de Julho, às 14h50

 



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill