Este ano, quando celebra o seu 30º aniversário e pela primeira vez, a Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) distinguiu com a Bandeira Azul cinco embarcações ecoturísticas em Portugal, anunciou o presidente da instituição, José Archer. Foram cinco, no total, três das quais no arquipélago da Madeira (Prazer do Mar, Natureza do Mar e Melhor do Mar, todas no Funchal), e as outras duas nas regiões do Tejo (Argus, na Nazaré) e Alentejo (Esperança, em Setúbal).
Também pela primeira vez, a associação atribuiu o estatuto de Embaixador da Bandeira Azul em Portugal. A escolha recaiu sobre Ricardo Diniz, “navegador, orador, escritor e empreendedor”, como lhe chama a ABAE. “Português assumidamente apaixonado por Portugal e que, quase sempre, faz uso do mar para comunicar Portugal ao mundo”, refere a ABAE, recordando que o mesmo “já velejou mais de cem mil milhas e fez quatro travessias do Atlântico, o equivalente a mais de três voltas ao mundo”.
A ABAE anunciou igualmente para este ano a distinção de 320 praias portuguesas com a Bandeira Azul, ou seja, mais de 55% das praias nacionais, o que torna o nosso país líder no ranking internacional de praias galardoadas em termos de relação entre Praias designadas e praias distinguidas, embora 6º em termos absolutos. No total, foram distinguidas mais seis praias do que em 2016 e o Algarve continuou a ser a região com maior número de praias com Bandeira Azul (88, tantas como no ano anterior), seguido no Norte (70), Tejo (48), Centro (36), Açores (34), Alentejo (31) e Madeira (13).
A única região em que diminuiu o número de Bandeiras Azuis atribuídas (menos quatro) foi a do Tejo. Apesar da entrada de duas praias novas e de uma reentrada, sete praias perderam o estatuto (Avencas, Carcavelos, Guincho, Moitas, Parede, S. Pedro do Estoril e Tamariz, todas no concelho de Cascais). De acordo com José Archer, estas praias não se candidataram, pelo que não poderiam ser distinguidas, e não o fizeram por impedimento regulamentar (não hastearam a Bandeira Azul em 2016). Em nenhum caso esteve em causa “uma questão de qualidade da água, foi uma questão meramente administrativa”, referiu.
Nos Açores também houve praias que perderam a Bandeira Azul (Almoxarife, Cais do Pico, Silveira, Fuma de Sto. António), embora a região tenha mantido o mesmo número de praias distinguidas relativamente ao ano anterior. Aqui também não esteve em causa a qualidade da água, mas apenas “a forma como se afere a qualidade da água”, pelo que foram motivos meramente técnicos que estiveram na base da decisão, referiu José Archer.
Das 320 praias distinguidas, 292 foram praias costeiras e 28 foram praias interiores, num total de 83 concelhos abrangidos. Em todos os casos as praias candidatas foram distinguidas. Pela primeira vez foram distinguidas praias nos concelhos de Ourém (uma) e Reguengos de Monsaraz (uma), foi atribuída pela primeira vez Bandeira Azul a 14 praias e em cinco casos ocorreram reentradas de praias na lista da Bandeira Azul. Ocorreram igualmente 13 saídas.
A ABAE também anunciou a distinção de 14 marinas e portos de recreio, menos três do que em 2016, devido à perda de Bandeira Azul por parte das marinas do Parque das Nações (Tejo), “por motivos de requalificação do espaço”, segundo José Archer, e ainda de Ponta Delgada e Vila do Porto (ambas nos Açores), ambas por incumprimento de todos os critérios e por estarem em processo de requalificação de espaços. As regiões de Norte e Centro permanecem sem marinas distinguidas com Bandeira Azul.
No nosso jornal apurou ainda que no próximo dia 8 de Junho a ABAE irá apresentar os resultados de uma análise económica dos benefícios sociais e ambientais gerados pela Bandeira Azul ao longo dos seus 30 anos de existência. A essa análise, a associação decidiu atribuir a denominação de «O Lado Verde da Bandeira Azul».
Como se lê em documento da ABAE a que o nosso jornal teve acesso, “nos últimos 30 anos verificámos que à expansão da ‘Bandeira Azul’ correspondeu uma ampla resposta dos municípios e suas entidades parceiras em termos de investimento em acções de resposta aos desafios ambientais, que abrangeram desde a melhoria da qualidade das águas balneares, à recuperação de ecossistemas costeiros e ribeirinhos, e à formação e educação ambiental de muitos milhares de pessoas”.
Lê-se ainda nesse documento que “este esforço de investimento não se encontra devidamente reflectido nos registos contabilísticos e financeiros dos diversos agentes envolvidos, para além de que os benefícios socio-ambientais dos investimentos realizados no âmbito da melhoria das zonas balneares, motivados em grande parte pelo desejo e vontade de obter e manter a ‘Bandeira Azul devem ser valorados como contrapartida dos investimentos que cada agente envolveu nesse processo”.
Com este estudo, a ABAE pretende “escolher regiões representativas de Portugal que tenham ‘histórico’ de ‘Bandeira Azul’ pelo menos desde 1995” e “uma praia representativa por cada município aderente ao projeto”, analisar “processos de candidatura à ‘Bandeira Azul’ de forma a aferir, verificar e sequenciar as melhorias ambientais registadas numa praia seleccionada pelo município participante no projecto no seguimento dos processos de candidatura ao longo dos anos”, analisar “custos de investimento dessas mesmas melhorias (p.e. melhoria de acessos, protecção de dunas, tratamento de águas residuais)”, analisar os “benefícios socio-ambientais directos e indirectos decorrentes desses investimentos (p.e.: melhoria da conservação de habitats protegidos, aumento de registos de empresas de actividades de ecoturismo, aumento da visitação decorrente da melhoria das águas)”, construir “casos de estudo, um por município e correspondente a uma praia escolhida por ambas as partes” e apresentar publicamente e discutir esses “casos de estudo, quer por município, como numa apresentação final para todos os stakeholders da Bandeira Azul”.
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