Com a aproximação do final de mais um ano, surgem balanços e perspectivas em relação a quase tudo e o transporte marítimo não é excepção. Uma das análises mais recentes é da Baltic and International Maritime Council (BIMCO), organização privada composta essencialmente por armadores e operadores do transporte marítimo internacional.
Baseada em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a BIMCO referiu que os países emergentes e em desenvolvimento poderão ser o grande impulsionador da procura neste sector nos próximos cinco anos, escreve o World Maritme News. As mesmas fontes acrescentam que, além disso, alguns anos depois da passagem do século, o crescimento das economias mais desenvolvidas conheceu uma tendência negativa.
Esta tendência provoca efeitos em todos os segmentos do transporte marítimo, favorecendo os graneleiros de sólidos, colocando sob pressão a taxa de crescimento nos porta-contentores e gerando um sabor agridoce nos navios tanque (uma vez que os ganhos conquistados a Oriente sofrem uma contracção a Ocidente). Por outro lado, não devem ser esquecidos obstáculos que podem surgir, como o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos, que afectarão inevitavelmente esta indústria.
No caso dos graneleiros de sólidos Capesize (de 80 mil a 170 mil toneladas de porte bruto), enfrentam o risco da transferência de interesse da importação de minério de ferro para metal desmantelado por parte das fábricas de aço chinesas verificada nos últimos 18 meses. Segundo o jornal, 2018 foi um ano de viragem nesta matéria, dado que as importações chinesas caíram nos primeiros 10 meses do ano.
No caso dos Handymax (com 35 mil a 50 mil toneladas de porte bruto) e Panamax (com 60 mil a 80 mil toneladas de porte bruto), de acordo com a BIMCO, correm os riscos inerentes aos conflitos comerciais entre os Estados Unidos e os seus parceiros, especialmente a China.
Quanto aos navios tanque de crude, 2018 foi um ano insatisfatório. Quanto maior o navio, menores os ganhos, referiu a BIMCO. Foi um em que o fraco crescimento da frota acabou suavizado por uma quebra na procura. E 2019 não será fácil, agravado pelas sanções dos Estados Unidos ao Irão, que se irão reflectir nas exportações do petróleo iraniano e no respectivo transporte. Mas poderá verificar-se uma evolução positiva face a este ano, levando os armadores a optarem por não vender os navios e até a um crescimento de 2% na frota, considera a BIMCO.
Os navios tanque de derivados do petróleo deverão ter um ano melhor. Apesa rde 2018 ter sido um mau ano, não foi tão mais como para os navios tanque de crude. Um fraco crescimento da frota preparou o mercado para maiores ganhos em 2019 e um dos indutores desses ganhos pode ser a proximidade da implementação das novas regras da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre combustíveis com baixo teor de enxofre a partir do ano seguinte.
Este foi também um ano menos bom para os porta-contentores, embora com alguns intervalos positivos. A BIMCO registou com agrado o crescimento de 8% nas importações da costa leste dos Estados Unidos e sublinhou os recordes das tarifas de fretes dos útimos cinco anos obtidos em Outubro nas rotas de Xangai (China) para a costa leste dos Estados Unidos.
A BIMCO recordou também que o crescimento da frota de porta-contentores acima da procura, motivado pelo desinteresse no seu desmantelamento, atingiu um recorde negativo dos últimos 10 anos. O crescimento dos volumes nas rotas de longa distância será mais crítico do que nunca no próximo ano, até porque influenciarão as viagens inter-asiáticas, nas quais se movimenta a carga proveniente de outras origens. Neste caso, será determinante a rota transpacífica, que pode ser afectada pela guerra tarifária entre a China e os Estados Unidos.
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