Splendia Sobre as Naus da Iniciação

Foram muitos meses de preparação, tantos que se transformaram em anos. Uniram-se pessoas em torno de um ideal, que era olhado por alguns com desconfiança, por outros como um desafio, havia ainda quem lhe chamasse sonho. A motivação foi muita, aos poucos a Tall Ships Races Lisboa 2016 foi ganhando forma e foram encontrados os parceiros que permitiram que mais um evento náutico visitasse Lisboa.

Este evento, que se realiza há sessenta anos, junta gente de todo o mundo em torno do mar. Em Lisboa foi planeado e organizado de forma detalhada pela APORVELA, representante nacional da STI – Sail Training Internacional, que conjuntamente com as entidades coorganizadoras, asseguraram que o porto reunia todas as condições para acolher a regata dos grandes veleiros e que a cidade estava pronta para receber a festa.

Em Lisboa, como em todos os outros portos que acolhem a Tall Ships Races (TSR), a festa aconteceu, os visitantes misturaram-se com as tripulações, os veleiros foram visitados e a cidade vestiu-se de milhares de cores que foram sobretudo dadas pelos mariatos que enfeitaram os navios. Surgiram oportunidades para o convívio, para o conhecimento e também se fez negócio.

Os jovens e os menos jovens que embarcaram num tall ship e participaram na regata, dispuseram-se a fazer parte da tripulação destas embarcações, fizeram treino de mar, enfrentaram desafios que não sabiam existir, adquiriram novas competências, (re) aprenderam o sentido da responsabilidade e da confiança e perceberam a importância da aceitação do outro, qualquer que seja o seu antecedente cultural ou social.

Lisboa, não é estreante nestas andanças, acolheu a primeira TSR que ligou Torbay, no Reino Unido a Lisboa em 1956, a qual foi realizada com o intuito de manter vivas as tradições dos grandes navios de vela. Desde aí tem vindo a receber esta regata que desfruta das condições singulares que são oferecidas pela única capital europeia banhada pelo Atlântico, a qual oferece uma cultura e uma identidade marítima que refletem a sua história.

A etapa em Lisboa da TSR 2016 foi um evento de mar que, durante três dias, juntou milhares de visitantes, contribuindo certamente para os números positivos do turismo em Lisboa, e foi também um cartão-de-visita para muitos que irão voltar. Constituiu um marco na vida de muitos jovens que tiveram a oportunidade e o privilégio de participar neste evento como voluntários e como tripulantes e que perceberam que o Mar pode trazer uma nova dimensão para as suas vidas quer no campo pessoal, quer profissional.

Foram alguns destes jovens que estiveram presentes ao longo das várias etapas da regata que terminou em La Coruña, em meados de agosto. Alguns vieram com ideias diferentes, todos vieram mais fortes e maiores como pessoas. Com este tipo de iniciativas o Mar, que tem sido olhado ao longo dos tempos como um meio de comunicação e transporte, vê realçada a sua importância para a troca de culturas, ideais e vivências.

Em 2017, os Tall Ships estarão de novo de volta a Portugal, desta vez em Sines que vai receber os grandes veleiros que chegam do Reino Unido e que será a primeira etapa da regata transatlântica que vai percorrer a esteira dos grandes descobridores, ao longo de 7.000 milhas náuticas, visitando seis países – Reino Unido, Portugal, Bermuda, EUA, Canadá e França.

Estes eventos ajudam a fortalecer a identidade marítima de um país que se quer afirmar entre os seus parceiros internacionais na construção da economia azul, onde a inovação e o conhecimento têm um papel preponderante. Assim é de enaltecer o seu contributo para a promoção do conhecimento do mar, que ajuda a alargar os horizontes de todos que neles participam, com eventual repercussão na formação individual de cada um e com efeito no coletivo de que fazem parte. Para além de um evento náutico, com tudo o que isso envolve, a TSR concorre, sem dúvida, para os objetivos da literacia azul.



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