“Estabelecer limites de captura que, ano após ano, excedem os pareceres científicos é ecologicamente e economicamente insensato”, afirma o Director Executivo da Oceana, Lasse Gustavsson, que acredita ser esta a altura certa para apostar na pesca sustentável.
Associação de Apoio aos Profissionais da Pesca

O Agrifish (Conselho Europeu de Agricultura e Pescas), que decorreu entre 17 e 18 de Dezembro, já chegou a uma conclusão sobre os limites de pesca para o oceano Atlântico e o Mar do Norte para 2019 e aumentou o número de capturas de unidades populacionais de 53 para 59. Números com os quais a organização de defesa dos oceanos OCEANA se demonstrou descontente, defendendo que estas são “metas modestas” para atingir o prazo vinculativo de sustentabilidade nas águas europeias até 2020, segundo o seu comunicado.

“O Conselho Europeu das Pescas rejeitou novamente os pedidos para a gestão sustentável da pesca no Atlântico. Estabelecer limites de captura que, ano após ano, excedem os pareceres científicos é ecologicamente e economicamente insensato e não deveria passar despercebido entre a sociedade civil”, assegurou o Director Executivo da Oceana, Lasse Gustavsson.

“É altura dos ministros da União Europeia pararem de perder a oportunidade de providenciar mais comida, criar empregos e gerar mais dinheiro. O que não fizeram hoje, não terão hipótese de corrigir amanhã, a menos que fixem este ano limites para o próximo, porque dentro em pouco estarão a enfrentar o limite de 2020”, concluiu Lasse Gustavsson.

O nome de importantes espécies foi debatido, como o bacalhau, a pescada, o tamboril, o lagostim, o linguado, a arinca ou o carapau, e investigadores avisaram que cerca de 4 em 10 stocks de peixe do Atlântico (incluindo o Mar do Norte) estão sobre-explorados, particularmente o bacalhau no mar Celta e na Escócia e o badejo, no sudeste da Irlanda.

No entanto, um estudo recente da Oceana concluiu que se os stocks forem bem geridos, em 10 anos, a quantidade de desembarque de peixe pode aumentar 56%, o equivalente a mais de 5 milhões de toneladas, sendo que traria igualmente um aumento para a região em relação ao valor dos desembarques (de 3,42 mil milhões de euros para 5,25 mil milhões de euros) e um aumento no emprego no sector de pesca (de 36.437 para 49.456).

A organização acrescenta ainda que esta é a melhor altura para apostar na pesca sustentável: as frotas pesqueiras da União Europeia têm registado lucros líquidos médios recordes de 17% (1,3 mil milhões em 2016), um aumento de 68% em relação a 2015 e com previsão positiva para 2018. O que é muito positivo comparado com outras indústrias devido aos baixos preços dos combustíveis e à melhoria da produtividade de certas unidades populacionais. Pelo que de uma redução a curto prazo, poderia advir um aumento a longo prazo.



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