Aproveitando o 4º Congresso Internacional sobre Áreas Marinhas Protegidas, que decorreu recentemente no Chile, a World Wildlife Fund (WWF), organização independente de conservação da natureza, lançou uma plataforma online que pretende dar voz às pessoas ou organizações que têm contribuído para tornar os oceanos mais sustentáveis.
A plataforma – Ocean Witness (Testemunhos do Mar) – teve como primeiro testemunho um pescador português de Peniche. Emanuel, o primeiro testemunho, partilha a sua história através de uma curta-metragem onde sublinha a evolução negativa de que têm sido alvo os oceanos e o que cada pessoa pode fazer para mudar essa tendência. No seu caso, evita pescar peixes juvenis, recolhe o lixo do mar, entre outras acções com as quais se compromete para travar a degradação dos oceanos.
“É muito importante que numa plataforma global como esta o primeiro vídeo seja sobre um pescador português e tudo o que este tem feito pelos Oceanos. Pessoas de todo o mundo vão conhecer o Emanuel, o percebe da Reserva das Berlengas e tudo o que tem sido feito em conjunto com a WWF para tornar esta pescaria mais sustentável e um futuro melhor para todos“, como diz o Emanuel”, refere Rita Sá, Técnica de Pesca e Alimentos Marinhos da WWF.
Esta curta-metragem veio demonstrar também o trabalho feito pela WWF no terreno, apostando na metodologia de co-gestão como solução para a sustentabilidade da pesca, no âmbito de um projecto iniciado em vários locais, nomeadamente em Espanha, com vista a tornar a pesca mais sustentável. A co-gestão é, segundo Rita Sá, “um processo que pretende envolver todas as partes interessadas (pescadores, autoridades, cientistas e ONGs) para uma gestão conjunta da pescaria, neste caso a apanha de percebe da Reserva das Berlengas, e assim haver assim uma tomada de decisão partilhada e responsável, sempre com o objectivo final da sustentabilidade dos oceanos”.
Em comunicado, a WWF anunciou que vai lançar até final do ano o primeiro comité de co-gestão em Portugal envolvendo pescadores como o Emanuel e vários parceiros locais e nacionais, para que as decisões sobre determinada pescaria sejam partilhadas e compreendidas por todos.
“O projecto Co-Pesca sobre co-gestão em pesca no eixo Peniche-Nazaré começou em Agosto de 2014 identificando, numa primeira fase, as pescarias com maior potencial para a co-gestão com base num processo de participação pública que envolveu os vários stakeholders”, refere a WWF. Agora, numa segunda fase, o Co-pesca 2 pretende implementar o comité de co-gestão para a apanha do percebe na Reserva Natural das Berlengas até ao final de 2017.
Por se tratar de uma plataforma, os lucros monetários da Ocean Witness não “serão directos nem facilmente assinaláveis mas parece-nos que um projecto como o da co-gestão do percebe da Reserva das Berlengas só terá a ganhar em termos de reconhecimento nacional e global por estar numa plataforma com uma dimensão como esta em termos de comunicação e marketing”, sublinha Rita Sá. “Que sirva de inspiração para mais pessoas mudarem os seus hábitos e algumas destas ideias possam até ser replicadas”, é o que espera a organização, segundo a responsável da WWF.
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