“Julgo que é claro para toda a gente que uma nova greve da estiva em Lisboa é uma greve que destruirá o porto de Lisboa, tal como a última greve poderia ter acabado com o porto”, reconheceu peremptoriamente a presidente da Associação dos Portos de Portugal (APP) e do Conselho de Administração do Portos de Lisboa (APL), Lídia Sequeira, quando questionada sobre o papel dos sindicatos nos portos nacionais, durante uma conferência que proferiu ontem na Academia de Marinha.
A propósito do tema, Lídia Sequeira insistiu em que “temos que saber viver com o que temos, é um princípio fundamental da gestão” e, tendo os sindicatos que temos, “é com eles que temos de viver”. “E saber viver é conversar com as pessoas, esclarecer as coisas”, referiu, acrescentando que “muita gente interpretou mal o Contrato Colectivo de Trabalho” que foi assinado com os estivadores do porto de Lisboa para um período de seis anos.
A presidente da APL sublinhou que esse contrato contém uma cláusula importante, de acordo com a qual “sempre que existem problemas graves entre os operadores e os sindicatos, é accionada uma Comissão de mediação para dirimir o conflito”. “E isso tem sido muito importante ao longo deste período”, referiu, considerando que uma medida que “senta as pessoas à mesa e as coloca em diálogo é uma medida ajuizada”.
Lídia Sequeira recordou também que depois de concluído o acordo com os estivadores do porto de Lisboa, no final de Junho de 2016, iniciou de imediato contactos com armadores e agentes de navegação, entre outros, “para retomar a cadeia logística associada ao porto”. “E devo dizer que no final de Junho de 2016, a resposta comum era a de que nunca mais voltamos ao porto de Lisboa”, lembrou. Admitiu ainda que “de facto, só a partir de Outubro desse ano é que começaram a regressar as primeiras linhas ao porto de Lisboa”.
Mas tal não foi uma tarefa fácil. Já estava montada uma nova cadeia logística dirigida essencialmente ao porto de Leixões, embora tenham existido desvios de linhas para os portos espanhóis “de Vigo e Algeciras e também para Sines e ainda, poucos, para Setúbal”. “Retomar a confiança dos clientes habituais do porto e a cadeia logística associada ao porto não foi uma tarefa fácil”, admitiu. Mas se 2016 foi um ano mau, 2017 foi um ano de retoma, ainda que lenta. E na qual foi aproveitada a greve que então ocorreu nos portos espanhóis para “recuperar as linhas que tinham ido para Espanha”, reconheceu a presidente da APL.
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