Associação de Moradores e cientistas assinaram protocolo para monitorizar a pradaria marinha do Recovo, cuja protecção interessa aos residentes da Ilha da Culatra, que vivem essencialmente do mar
Ilha da Culatra

O Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve e a Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC) assinaram ontem um protocolo para a adopção da pradaria marinha do Recovo, na Ilha da Culatra.

Adopção, neste caso, significa monitorização, segundo nos esclareceu Sofia Padinha, presidente da AMIC, o que significa que nos termos do protocolo, a associação fica responsável por acompanhar a pradaria marinha do Recovo, fotografando a zona, permanecendo atenta ao local e informando as autoridades sempre que for identificada alguma situação pouco vulgar ou irregular.

O acompanhamento do local, que fica próximo de um núcleo habitacional, é do interesse da AMIC, que representa uma população que vive essencialmente do mar. Como refere o Ministério do Mar em comunicado, esta pradaria “já esteve praticamente desaparecida, uma vez que a zona servia de fundeadouro a inúmeras embarcações, uma das causas principais de declínio das pradarias, porque os ferros destroem os fundos e partem as plantas”. Com a remoção das embarcações, “estão criadas condições para a sua recuperação”, refere o Governo.

Mas o que são as pradarias marinhas e qual a sua importância? São zonas marinhas compostas por plantas aquáticas e encontram-se nos oceanos, águas costeiras, rias, lagoas e estuários (em fundos de areia ou lodo) e em zonas com iluminação e profundidade a partir de 30 metros.

Segundo o Ministério do Mar, “são importantes por várias razões: libertam oxigénio e fixam dióxido de carbono, estabilizam e fixam o sedimento, ou seja, estabilizam a dinâmica costeira”, o que é particularmente relevante no caso da Ilha da Culatra.

Além disso, “são extraordinariamente importantes para a biodiversidade marinha (constam da lista prioritária de habitats da Directiva Habitats)”, com especial destaque, neste caso, para os recursos pesqueiros porque fornecem maternidade, abrigo e alimento a várias espécies comerciais, “como o choco, o polvo, a amêijoa, o sargo e salmonete, importantes para a comunidade piscatória da Ilha Culatra”, refere o Ministério do Mar.

Na ocasião, foi também anunciada a A Pesca por um Mar sem Lixo, uma iniciativa da DOCAPESCA, em parceria com os pescadores da comunidade da Culatra, a Associação de Moradores da Ilha da Culatra, a Câmara Municipal de Faro, a FAGAR e Associação Portuguesa do Lixo Marinho.

Segundo o Ministério do Mar, “o objectivo do projecto é a redução dos resíduos no mar através de adopção de boas práticas ambientais por parte dos pescadores, contribuindo também para dar um destino ambientalmente correcto aos resíduos recolhidos no mar, privilegiando a sua reciclagem e valorização”.

Em causa estarão zonas da Ria Formosa e do Oceano Atlântico sob jurisdição da capitania do porto de Olhão que integrem as zonas de trabalho dos pescadores.

A iniciativa já teve um projecto piloto no porto de Pesca de Peniche, em 2016, “que envolveu 8 entidades, 3 organizações de produtores, 66 embarcações e 419 pescadores, tendo permitido recolher 152 mil litros de plásticos e 195 mil litros de resíduos indiferenciados”, esclareceu o Ministério do Mar.



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