Ana Paula Vitorino apelou aos investigadores para que apresentassem inovações em economia do mar e defendeu que os países marítimos deviam criar uma rede global de clusters tecnológicos marítimos

“Portugal deve ter um dos mais fortes e completos clusters marítimos do mundo”, considerou ontem a ministra do Mar na sessão de abertura da 4ª Conferência Internacional de Engenharia e Tecnologia Marítima (Martech) e das 15ªs Jornadas de Engenharia e Tecnologia Marítima, que decorreram no Instituto Superior Técnico (IST), organizadas conjuntamente pelo IST e pela Ordem dos Engenheiros.

Para alcançar este objectivo, Ana Paula Vitorino defende uma “indústria marítima multifacetada capaz de fornecer serviços offshore e de desenvolver sistemas marítimos complexos”, que serão a base de um sector marítimo bem-sucedido. E, em pleno IST, onde se licenciou como engenheira, apontou quatro caminhos para a inovação à comunidade científica de engenharia.

O primeiro passa por desenvolver “soluções tecnológicas que extraiam energia sustentável do mar”, designadamente, inovando nas energias renováveis, como a eólica offshore e a das ondas.

O segundo caminho para a inovação aponta para um transporte marítimo sustentável. De acordo com a ministra, não só a opinião pública pressiona cada vez mais nesse sentido, como a própria indústria parece cada vez mais empenhada em reduzir a sua pegada ambiental. E lembrou as investigações em curso no campo dos combustíveis alternativos, como o gás natural liquefeito (GNL), da redução de emissões e da diminuição do ruído tanto à superfície como debaixo de água.

Em terceiro lugar, sugeriu inovação nos navios, ou seja, navios mais inteligentes, ou seja, melhor equipados e concebidos para as suas tarefas no mar. Mas aqui falou da sua importância na redução de custos, no acréscimo de segurança e na competitividade. Caberá aos investigadores descobrir formas de reduzir os tempos de paragem dos navios, as suas necessidades de reparação e o número de inspecções.

Finalmente, a quarta linha de inovação deve incidir no que designou por Portos 4.0. Mais do que integrar as tecnologias digitais nos portos, é necessário “tornar todo o processo de escalar um porto para transhipment mais eficiente para os navios”, referiu. O tempo de controlo do tráfego marítimo deve ser diminuído e os portos e o movimento de carga devem ser melhor estruturados, adiantou Ana Paula Vitorino.

Na ocasião, defendeu igualmente que para acelerar este esforço de inovação que pediu requer uma política de financiamento combinada, composta por recursos nacionais e internacionais, lembrando que Portugal dispõe de 600 milhões de euros para apoiar a ciência e a inovação na economia do mar, através do Mar 2020, do Fundo Azul e do programa EEA Grants.

Segundo a ministra do Mar, a inovação na economia do mar, que requer uma aproximação da indústria e dos investigadores que trabalhem nesta área, integra-se em duas políticas decorrentes da estratégia portuguesa para os oceanos: o aumento da eficiência da economia marítima tradicional, através dos Port Tech Clusters, Green Shipping e portos mais competitivos, e a promoção de novas actividades na economia do mar.

Quanto aos Port Tech Clusters, ou seja, plataformas indutoras de inovação tecnológica para uma economia azul sustentável, Ana Paula Vitorino defendeu que os países marítimos deviam juntar-se e formar uma rede global, assente em parcerias público-privadas capazes de dinamizar a economia circular e tirar partido do potencial digital, das biotecnologias e dos novos materiais.

A ministra dedicou ainda parte da sua intervenção à economia circular, para a qual o Governo já estabeleceu uma orientação, baseada na prevenção, redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.



Um comentário em “Ministra do Mar quer Portugal com um dos mais fortes clusters marítimos do mundo”

  1. Francisco Henrique diz:

    Tudo muito bem! E então, onde ficou a sustentabilidade e a preservação dos recursos, face à delapidação indescriminada dos stocks?….
    Como era de prever, o Ambiente, nem sequer é mencionado, é tal a preocupação destes, que nos desgovernam! Altamente lamentável, Sra MINISTRA! ……

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