Ontem, a ministra do Mar, voltou a afirmar que a economia azul é uma prioridade do Governo e considerou que as energias renováveis marinhas, especialmente a das ondas e a eólica, comportam tecnologias promissoras para a promoção do crescimento sustentável da economia do mar.
Ana Paula Vitorino falava num seminário sobre a cooperação luso-finlandesa nas energias renováveis promovido pela Wavec e a Embaixada da Finlândia, com o apoio da Tekes, do Marine Technology Center – Turku e do Ministério dos Assuntos Económicos e do Emprego da Finlândia.
Embora tenha reconhecido que a tecnologia da energia das ondas é mais exigente e está numa fase mais experimental do que a eólica, a ministra defendeu o investimento nesta área e considerou que actualmente é o auge da cooperação entre Portugal e a Finlândia no âmbito do aproveitamento da energia do mar. Uma referência assumida ao projecto WaveRoller, da AW-Energy Oy.
Mas foi à tecnologia flutuante da energia eólica offshore que a ministra dedicou mais tempo da sua intervenção, não deixando de aludir ao projecto WindFloat, que elogiou e que terá desenvolvimentos em 2017. Até porque o consórcio que o explora “conseguiu obter financiamento da Comissão Europeia para desenvolver o piloto de 8 megawatts”, revelou a ministra.
A propósito da energia eólica flutuante offshore, Ana Paula Vitorino referiu que Portugal “tem potencial para abastecer 25% do consumo total de electricidade, o suficiente para substituir uma central a carvão”. Para a ministra do Mar, este tipo de energia “é uma área em que Portugal é pioneiro em termos de desenvolvimento de tecnologia inovadora e em que pode abrir novos mercados para investimento e oportunidades de exploração”.
Ana Paula Vitorino, no entanto, não deixou de mencionar os desafios que enfrenta a energia dos oceanos no nosso país para se tornar uma fonte de receitas viável. De acordo com a ministra, as empresas nacionais têm que subir na escala de valor por via das competências e a indústria naval portuguesa “tem que construir capacidades no apoio às operações offshore pelo design e construção de navios de suporte, na prestação de serviços de engenharia de alto valor e explorando sinergias com outros sectores da economia do mar, através da criação de tecnologias transversais”.
Relativamente à colaboração com a Finlândia nesta matéria, a ministra considerou que existem três linhas de oportunidade “para trabalharmos juntos” e mencionou a aquacultura, designadamente com o novo quadro legislativo nacional, que reduz o processo de licenciamento de três anos para três meses, a biotecnologia, que é uma possibilidade para as empresas farmacêuticas e de cosméticos, e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas com o offshore, como a robótica sub-aquática, as estruturas flutuantes sub-aquáticas, os navios de suporte às operações offshore, as comunicações, entre outras.
Num desafio aos empresários, a ministra recordou que segundo projecções da Agência Internacional de Energia, o mercado global de energia offshore vai crescer de 22 megawatts para 25 megawatts até 2030, o que significará um mercado potencial de 227 mil milhões de euros, sendo que 80 por cento desta capacidade será instalada no mercado europeu, “o que é uma oportunidade para Portugal e para a Finlândia”.
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