“Estou a mergulhar nas águas claras da costa da Calábria. Alguns peixes passam lentamente à minha esquerda. Olhando para baixo, vejo vários grandes blocos de pedra no fundo do mar. Quando me aproximo para ver melhor, uma voz ressoa no meu ouvido e diz-me que essas placas de mármore estavam a ser carregadas por um grande navio do Império Romano quando afundou no século III d.C. Um toque no braço traz-me de volta à realidade: não debaixo de água, mas dentro do Centro de Congressos de Lisboa, onde a edição de 2019 do Dia Marítimo Europeu (EMD) está actualmente a decorrer”, assim inicia o comunicado da Comissão Europeia a propósito da EMD.
Com 105 expositores e 1.500 inscritos, o EMD 2019 “quebrou todos os recordes anteriores”, pode ler-se no comunicado. Entre as oportunidades de negócio na área do mar, como sejam a Algae for Future (A4F), que tem novos tubos de ensaio para extractos de microalgas, ou a WavEC, que aborda novas soluções de engenharia para os parques de energia das ondas e de aquacultura offshore, ou mesmo a Sea4Us a investigar novos compostos químicos que podem aniquilar a dor humana.
Um total de 320 reuniões B2B foram agendadas e o programa de workshops e as sessões de debate, lideradas pela Comissão Europeia, ofereceram oportunidades e histórias inspiradoras. No palco da União Europeia (UE) foram apresentados os projectos financiados pela Comissão Europeia que se concentram em áreas tão vastas como a energias das marés, a reciclagem das redes de pesca ou a redução de emissões de navios de grande porte. Projectos que denunciam o entusiamo da UE em projectos ligados à economia azul.
Sendo a comunicação uma das palavras que liderou o debate, uma vez ser crucial para o desenvolvimento das várias empresas do sector, a questão mais considerada foi, de longe, a de como usar os oceanos de forma sustentável. Tendo esta sido referida como uma ideia que une todos os promotores do mar.
Neste tópico, as ideias foram boas e extensivas: desde a apresentação de propostas regionais de gestão de resíduos até economias de escala, a pedir aos produtores que aluguem equipamentos de pesca em vez de vendê-los, criando assim um modelo de negócio com responsabilidade.
Um evento que reúne não só pensadores, executores, comunicadores, mas também os financiadores, só pode ser uma porta aberta para o futuro. E se nas mentes passar a ideia de sustentabilidade, então essa porta só pode ser positiva, circular e azul.
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