A Maersk decidiu colaborar com alguns estaleiros indianos no melhoramento das condições do desmantelamento de navios, anunciou Annete Stube, responsável pela área de Sustentabilidade da empresa. Nesse sentido, a Maersk exigiu melhorias nos estaleiros que queiram trabalhar com a empresa e decidiu atribuir incentivos financeiros aos estaleiros de Alang, para melhorarem as suas condições de trabalho e ambientais.
De acordo com Annete Stube, as exigências feitas aos estaleiros não são apenas relativas às condições impostas pela Convenção Internacional de Hong-Kong para a Reciclagem Segura e Ambientalmente Adequada de Navios, mas também conformes às próprias regras da empresa sobre condições de trabalho e do ambiente envolvente.
“Existe um incentivo comercial saudável nesta solução; se os estaleiros cumprirem os nossos requisitos, nós enviamos-lhes os nossos navios para desmantelamento a um preço competitivo; desta forma, eles poderão competir com os estaleiros vizinhos que não se regem pela Convenção de Hong-Kong”, refere Annete Stube.
A mesma responsável recorda que desde que a Maersk enviou os primeiros navios (o Maersk Wyoming e o Maersk Georgia) para os estaleiros de Shree Ram, em Alang, em Maio deste ano, para reciclagem, registaram-se “ali progressos significativos em várias áreas”. De acordo com Annete Stube, “70% dos trabalhadores receberam formação intensiva e orientações da British Lloyds Register Quality Assurance e outras organizações qualificadas” e os restantes 30%, “que desempenham funções menos perigosas, também receberam formação adequada às suas tarefas”.
Apesar das boas intenções, a Maersk foi criticada por organizações ambientalistas, como a Shipbreaking Platform e a Transport & Environment, que denunciaram o facto de a empresa enviar os seus navios para estaleiros pouco cumpridores de boas práticas ambientais e de condições de trabalho.
Entretanto, no princípio deste mês, a Danwatch, um centro de investigação independente, revelou um relatório e fotografias resultantes de uma inspecção feita ao estaleiro de Shree Ram, que comprou navios da Maersk para desmantelamento, refere o site Green4Sea.
Entre as más práticas identificadas contam-se o uso de vestuário inflamável durante operações de corte, falta de documentos contratuais entre o estaleiro e os trabalhadores, ausência de equipamento protector (óculos, tampões para ouvidos, etc.), falta de condições de habitabilidade saudáveis para os trabalhadores e recursos médicos limitados para socorrer eventuais feridos.
Como se isto não bastasse, vários políticos dinamarqueses criticaram a empresa por não monitorizar com mais rigor o que sucede aos seus navios, referiu a Reuters, citada pelo Green4Sea.
Lamentando ter vendido um navio a um estaleiro no Bangladesh que meios de comunicação dinamarqueses revelaram usar escadas de corda para alcançar um casco, e consciente dos riscos de colaborar com estaleiros indianos, segundo refere o Green4Sea, a Maersk, pela voz de Annete Stube, não deixa de notar que desde que convidou os estaleiros a melhorar as suas práticas, já recebeu indicações de quatro que manifestaram vontade de seguir a sugestão.
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