O Fórum Internacional de Transporte, ou ITF, da OCDE, divulgou um relatório no qual considera possível reduzir as emissões de CO2 entre 82 e 95 por cento no transporte marítimo até 2035 face às projecções actuais, mediante condições que identifica
IMO

A implementação das tecnologias actualmente conhecidas poderia permitir a descarbonização quase total do transporte marítimo até 2035, concluiu um relatório publicado pelo Fórum Internacional de Transporte (ITF, na sigla inglesa) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, em inglês).

O documento aponta alguns caminhos para essa descarbonização, que poderia significar uma diminuição das emissões de CO2 pelos navios entre 82% e 95% face às emissões actualmente projectadas até essa data, que são de 1.090 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 23% num período de 20 anos (2015-2035).

Segundo o relatório, essa redução equivaleria às emissões anuais actuais de 185 centrais energéticas a carvão, e deixaria por resolver apenas entre 44 e 156 milhões de toneladas de CO2 em 2035.

Uma segunda estimativa prevê que num cenário de redução substancial de transporte de combustíveis fósseis e aumento do comércio intra-regional, a emissão de CO2 pelos navios atinja 850 milhões de toneladas em 2035, ou seja, o equivalente às emissões anuais actuais de 210 centrais energéticas a carvão.

Entre os caminhos adiantados pelo relatório para obter uma redução quase total das emissões de CO2 pelos navios está o recurso a combustíveis alternativos e às energias renováveis. Segundo se sugere, os bio-combustíveis disponíveis podem ser complementados por outros combustíveis naturais ou sintéticos, como o metanol, a amónia e o hidrogénio. Por outro lado, a energia eólica e a propulsão eléctricajá terão demonstrado potencial para reduções adicionais.

Outro caminho consiste em medidas tecnológicas susceptíveis de melhorarem a eficiência energética dos navios e que podem contribuir para uma parte substancial das reduções de emissões necessárias. Já existem opções maduras no mercado, como melhorias no design do casco, na lubrificação do ar e na utilização de proas bulbosas ou arredondadas.

São igualmente propostas medidas operacionais, como velocidades menores para os navios, coordenação mais suave entre navios e portos e recurso a navios maiores e mais eficientes, formando uma combinação que pode contribuir para importantes reduções das emissões.

O relatório faz também uma série de recomendações: estabelecer metas claras e ambiciosas para reduzir emissões e impulsionar a descarbonização no transporte marítimo, apoiar metas de redução de emissões com um conjunto abrangente de medidas políticas e criar incentivos financeiros para promover a descarbonização neste sector.



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