O Director Regional de Pescas dos Açores, Luís Rodrigues, alertou para a necessidade de uma aplicação precaucionaria relativamente ao uso de dispositivos artificiais agregadores de peixe (fishing aggregating devices, ou FADs) na pesca do atum, durante uma reunião do Grupo de Trabalho sobre Dispositivos Artificiais Agregadores de Peixe, realizada recentemente em Madrid no âmbito da Organização Regional para a Gestão de Pesca.
Segundo relatos vindos a público na imprensa, aquele responsável terá referido que é necessário entender o efeito destes dispositivos junto dos “pequenos tunídeos tropicais”, nomeadamente na costa africana, que podem estar a inviabilizar a migração dos atuns e com isso a provocar a diminuição do atum disponível e a gerar uma quebra de rendimentos dos pescadores açorianos.
Luís Rodrigues terá ainda considerado incertos os dados sobre o impacto dos FAD na migração das espécies, pelo que se impõe uma investigação, que será demorada e, eventualmente, incompatível com uma exploração sustentável deste pescado e com as dificuldades sentidas pela frota atuneira dos Açores, que recorre a artes de pesca antigas, como o salto e vara, geradoras de uma reduzida mortalidade de atuns juvenis.
Notou também que a Comissão Internacional para a Conservação de Atuns do Atlântico (ICCAT) concluiu que “o stock de atum patudo está sobre-explorado e que as medidas implementadas não têm sido eficazes no que respeita à redução da mortalidade de juvenis desta espécie”, acrescentando que a pesca sustentável com FAD será possível somente com diminuição do número de dispositivos usados e do número de embarcações de cerco.
Além desta sugestão, Luís Rodrigues terá igualmente sustentado junto da ICCAT que deverão ser implementados com urgência corredores ecológicos livres de FAD se proceder ao teste dos seus efeitos sobre os movimentos dos atuns.
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