O gás natural liquefeito (GNL) parece posicionar-se como o principal combustível alternativo ao petróleo, designadamente, na indústria do transporte marítimo. Esta é, pelo menos, a convicção de vários especialistas reunidos no evento sobre o mar Posidonia 2016, que decorreu recentemente em Atenas.
Assumindo que o crescimento da procura por combustíveis alternativos será um dado adquirido, muito por via da volatilidade dos preços do petróleo, da mudança constante das regras sobre combustíveis e do aumento estimado da tonelagem dos navios, os especialistas encaram o GNL como a solução mais viável.
De acordo com dados aí expostos, o GNL em breve representará 11 por cento da quota de mercado entre os combustíveis utilizados no transporte marítimo. Para o interesse neste combustível contribuem, quer as vantagens ambientais do GNL face aos combustíveis tradicionais, quer a revolução em curso operada pelo gás de xisto.
Michael Jeppesen, Engenheiro Mecânico na MAN Diesel & Turbo, presente no Posidonia 2016, salientou que as infra-estruturas começam a adaptar-se a esta nova realidade e que as próprias companhias petrolíferas a começam a compreender.
Entre os fabricantes de tecnologias desta área circulou a tese de que a procura por navios movidos a GNL estará a aumentar, precisamente porque os armadores também estão cada vez mais sensíveis para a questão.
“Actualmente, temos 150 encomendas para motores de combustíveis alternativos em termos de motores de dois tempos, principalmente provenientes de armadores gregos de cargueiros para GNL; dois terços das encomendas são para cargueiros de GNL e as restantes são para porta-contentores”, refere Michael Jeppesen.
Segundo dados avançados no evento, existem actualmente 500 navios movidos a GNL que utilizam a própria carga para se abastecerem e algumas dezenas já estão especialmente convertidos para este tipo de combustível.
De acordo com Michael Jeppesen, nos próximos 10 anos estima-se que os navios sejam abastecidos por combustíveis alternativos (especialmente GNL e Gás de Petróleo Liquefeito, ou GPL) e combustíveis tradicionais numa proporção de 50% para cada.
Dyonisios Antonopoulos, da Wartsila, fornecedora de equipamentos para navios e instalações offshore, também presente no evento, admitiu mesmo que a indústria dos cruzeiros aumentou significativamente os seus investimentos neste segmento de navios.
Já Theodosis Stamatelos, da Lloyd’s Register, também presente no Posidonia 2016, considerou que o importante é o custo. Para este responsável, aquilo que poderá pesar na decisão dos armadores de encomendarem novos navios ou converterem os actuais é a regulação do sector e a diferença de preços dos combustíveis (entre o GNL e os combustíveis pesados de baixo teor de enxofre).
“Com o fenómeno do gás de xisto, assistimos a uma descolagem entre o preço do petróleo e o do gás, sendo que quando esse diferencial se tornar claro, então, veremos arrancar novos projectos”, referiu Stamatelos ao World Maritime News.
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