Representando um valor de investimento na casa dos dois milhões de euros, a ETE apresentou ontem o seu novo Rebocador construído pela Navaltagus, uma das empresas do Grupo.

A ETE apresentou ontem o seu novo Rebocador, integralmente concebido e construído em Portugal, nos estaleiros da empresa do Grupo no Seixal, a Navaltagus, representando um investimento total na ordem dos dois milhões de euros.

Miguel Trovão, Director da Navaltagus e um dos principais responsável pelo projecto, não deixou de destacar algumas das singularidades do novo Rebocador, o Baía do Seixal, essencialmente um empurrador, como seja o seu baixo calado de 2,38 metros, tornoando-o especialmente dotado para operação fluvial, bem como o comprimento de 16,5 metros e largura de 8,8 metros, adequando-o não apenas para o Tejo mas também para o Douro, tendo sido essas dimensões pensadas tendo em conta a dimensão das respectivas eclusas.

Para além disso, Miguel Trovão destacou ainda a singularidade da Ponte poder ser elevada até 2 metros de altura de forma ao respectivo Mestre poder ter sempre a mais perfeita visibilidade da operação, bem como o facto dos respectivos motores de 720 HP poderem a qualquer momento ser convertidos para GPL, assim haja a possibilidade do respectivo abastecimento, diminuindo consideravelmente as emissões de CO2, SO2 e NOx.

Com o lançamento à água previsto para o próximo dia 29, o Grupo ETE espera igualmente uma redinamização do transporte fluvial, sobretudo no Tejo, onde já existiram cerca de 14 portos, hoje reduzidos a apenas 4.

Para Luís Figueiredo, Administrador do Grupo ETE, a importância da construção deste novo rebocador pode ser vista em diversas perspectivas.

Numa primeira instância, numa perspectiva de afirmação nacional numa área em que se tem vindo a perder muito conhecimento mas onde ainda existe, de facto, também muita capacidade, inclusive de inovação, como é a área da construção naval, não deixando de ser também significativo o facto de a ausência de construção de qualquer rebocador no Tejo já remontar aos idos de 1990.

Nesse sentido, não deixa se ser igualmente importante a circunstância de existirem já, inclusivamente, contactos internacionais potencialmente interessados na aquisição de outros rebocadores equivalentes, bem como alguns interessados nacionais também, embora nenhum nome haja sido revelado.

Como explicou ainda Luís Figueiredo, a necessidade de um novo rebocador adveio, antes de mais, do facto de o Grupo ter deslocado dois rebocadores da sua frota para a América do Sul, mais exactamente para a Colômbia, na sequência da redução do volume de transporte fluvial resultante da crise de 2008, mas quer, por um lado, com a retoma agora verificada, quer, por outro, com os planos de desenvolvimento que o Grupo também tem para o transporte fluvial, tanto no Tejo como no Douro, ser imprescindível o aumento da frota em Portugal.

A opção podia ser a simples e imediata aquisição de um equipamento desse tipo no mercado mas o orgulho está no desenvolvimento de algo totalmente novo e inteiramente nacional, salvo, evidentemente, os motores e outros equipamentos e sistemas padrão que nem faria sentido estar a tentar desenvolver ou construir.

No que respeita ao desenvolvimento do transporte fluvial, um pouco para além da questão do Baía do Seixal, evidentemente, Luís Figueiredo mantém a esperança, no caso do Tejo, da possibilidade próximo de início de construção do Cais Fluvial de Castanheira do Ribatejo, uma vez o respectivo Estudo de Impacto Ambiental estar a ser avaliado pela APA desde Março e haver a expectativa de uma conclusão a breve prazo (ver notícia do Jornal da Economia do Mar de Setembro de 2015).

Nessa circunstância, numa perspectiva intermodal, com o transporte por barcaça de contentores e outras mercadorias, do clínquer aos cereais ou seja o que for, seria possível retirar centenas ou mesmo milhares de camiões da estrada, não sendo de esquecer que uma barcaça transporta o equivalente a 70 camiões, com todas as implicações que essa alteração teria em termos de redução de emissões nocivas ao ambiente na casa dos 80% a 90%, além da substancial economia de combustível verificada, cerca de oito vezes inferior, na caso do transporte fluvial, por tonelada transportada.

Por outro lado, Luís Figueiredo acredita também que os projectos para o Douro, entre os quais o projecto de transporte fluvial de minério das Minas de Moncorvo, também é inevitável que avancem, mais dia menos dia, tanto mais quanto as actuais obras de navegabilidade do Rio Douro a isso conduzem.

O Rebocador «Baía do Seixal» em números:

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