Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália estão preocupados com a crescente influência chinesa, disseminada através do projecto de uma Nova Rota a Seda, que unirá o Extremo Oriente à Europa por terra e mar, e vão discutir uma proposta alternativa própria
Amazon

Os Estados Unidos, a Austrália, a Índia e o Japão podem vir a criar uma infra-estrutura alternativa à Nova Rota da Seda (a também chamada iniciativa «Belt and Road») que a China está a desenvolver para unir comercialmente a Ásia, o Médio Oriente, a Europa e a África, refere a Maritime Executive a partir de notícias reveladas pela Australian Financial Review com base em fonte oficial norte-americana não identificada.

De acordo com o jornal, o tema deverá ser discutido durante a visita do Primeiro-Ministro australiano, Malcolm Turnbull, aos Estados Unidos, durante esta semana, até porque o projecto chinês parece preocupar vários países. Actualmente, a Nova Rota da Seda já envolverá cerca de 70 países e terá atingido uma escala que preocupa os Estados Unidos e alguns aliados, que consideram o projecto uma tentativa da China de aumentar a sua influência económica e política junto dos parceiros envolvidos.

O mesmo jornal adianta um dado sobre a iniciativa da China, já avançado noutros meios: representa um investimento aproximado de 120 mil milhões de euros (cerca de 150 mil milhões de dólares) anuais em estradas, oleodutos, ferrovias, sistema de telecomunicações e portos. A dimensão e o alcance são de tal ordem que Portugal, na extremidade da Europa, já mostrou interesse em integrar o projecto, designadamente, envolvendo o porto de Sines no roteiro do projecto.

Um roteiro que envolve, por exemplo, a aquisição e construção de infra-estruturas portuárias e zonas económicas associadas na Austrália, Malásia, Indonésia, Bangladesh, Sri Lanka, Myanmar, Paquistão, Quénia, Tanzânia, Omã e Djibouti, que darão à China acesso marítimo directo ao Índico, de onde será possível aceder ao porto grego do Pireu, explorado pelo grupo chinês COSCO, e daí ao importante mercado europeu.

Além dos Estados Unidos e dos países orientais e da Oceânia citados pela Australian Financial Review e a Maritime Executive, também a Alemanha terá manifestado preocupações com este longo alcance do braço chinês. Sigmar Gabriel, ministro dos Negócios Estrangeiros desde Janeiro de 2017, terá dito recentemente que a China estava a tentar testar e minar e subverter a ordem mundial liberal ocidental, aproveitando o vácuo deixado pelos Estados Unidos, que já terá deixado de ser a maior potência global.

Em todo o caso, a publicação australiana adiantou que em 2017, os Estados Unidos, a Austrália, a Índia e o Japão terão concordado em restabelecer o Diálogo de Segurança Quadrilateral, que constituem conversações destinadas a reforçar a cooperação em matéria de segurança. Algo a que a China terá colocado veementes objecções.

 



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill