À medida que parece cada vez mais real um Brexit sem acordo e que se aproxima a data de saída do Reino Unido da União Europeia (29 de Março, segundo o previsto), as empresas com actividade naquele país revelam uma preocupação crescente com os efeitos de uma saída descontrolada, designadamente nos portos britânicos e europeus, para os quais antecipam cenários caóticos.
Jens Bjorn Andersen, responsável pela empresa dinamarquesa DSV, cotado pela Safety4Sea, considera que a reposição do controlo alfandegário aos camiões nos portos do Canal da Mancha pode provocar engarrafamentos de 130 quilómetros. Entretanto, a Deutsch Post instalou um escritório no porto de Southampton e mantém 450 especialistas preparados para aconselhamento aos clientes, no caso de terem problemas em Dover.
Por sua vez, a associação da indústria química e farmacêutica alemã, a VCI, apelou a soluções internas para assegurar o abastecimento de medicamentos. Um dos seus responsáveis, citado pela mesma publicação, reconheceu a desordem criada por um Brexit sem acordo será tal, que ninguém estará preparado para todas as eventualidades.
Paralelamente, a LTO Nederland, que representa agricultores e produtores agrícolas com exportações superiores a 8 mil milhões de euros anuais, considera essencial um comércio aberto (leia-se sem fronteiras) e apelou a Governo holandês para apresentar soluções práticas.
Segundo a Reuters, citada pela mesma publicação, a Volkswagen no Reino Unido terá feito planos para armazenar componentes e veículos novos nos seus centros de importação e respectivas áreas circundantes.
Responsáveis do Swissport Group, por outro lado, admitem que um Brexit descontrolado restringirá o mercado laboral britânico, que tem sido confrontado com cada vez menos pretendentes da União Europeia desde o referendo de 2016 e consequente aumento dos seus custos, nalguns casos, em 10%.
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