Temos assistido todos os dias a uma maior preocupação com o ambiente, principalmente no sector do transporte marítimo. Na verdade, tudo o que se tem feito, para além de ter começado tarde, é pouco, e um estudo veio agora revelar que morreu um terço da Grande Barreira de Coral da Austrália (o maior sistema de coral do mundo, feito de 3 mil recifes individuais e aproximadamente 900 ilhas, considerado património da humanidade) em 2016. Por causa das fortes temperaturas que levaram ao aquecimento da água e a um branqueamento dos corais.
Em 2016, aquele ecossistema sofreu assim o branqueamento mais agressivo alguma vez observado, sendo que se observam branqueamentos desde os anos 80. Os mais atípicos deram-se em 1998, 2002, 2016 e 2017. O que aconteceu em concreto nesta Grande Barreira de Coral, que se estende 2.400 quilómetros ao longo da costa australiana, foi que com o aquecimento, as algas que produziam substâncias tóxicas deixaram de fazer fotossíntese e os corais acabaram por expulsá-las, perderam a cor e o esqueleto esbranquiçado ficou visível, deixando-os desnutridos e levando-os à morte.
“Nós vimos metade dos corais na Grande Barreira de Corais morrer em apenas dois anos”, referiu Mark Eakin, autor do estudo e coordenador do Coral Reef Watch da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos. “Este estudo mostra que os recifes de coral que foram afectados pelo stress e pelo calor no passado são mais sensíveis. O evento de 2016 comprometeu 30% daquele Património Mundial da UNESCO, que inclui 3.863 recifes, abrangendo 1.429 milhas da costa de Queensland”, conclui.
As principais causas deste desastre prendem-se com o aquecimento global. Entre Fevereiro e Abril desse ano, as temperaturas superficiais da água atingiram valores recorde, segundo o Boletim Meteorológico do Governo australiano, mas também com a questão do El Niño, fenómeno que levou a um grande transporte de massa de água quente da Austrália às costas da América do Sul, no período do Natal.
Agora, o problema é que “sob as melhores condições, os corais que mais crescem levam de 10 a 15 anos para voltar”, explicou Mark Eakin. “Os eventos de branqueamento de corais estão a ocorrer a cada seis anos, em média, nos recifes de corais do mundo. A menos que reduzamos o dióxido de carbono na atmosfera, o aumento das ondas de calor retornarão com demasiada frequência aos recifes”, tornando difícil a sua recuperação.
Recorde-se que este recife é o único organismo vivo que pode ser visto do espaço e, segundo algumas fontes, contribui com cerca de 3,6 mil milhões de euros anuais para a economia australiana. Nos últimos 30 anos, desapareceram 80% a 90% dos corais da Florida. Perderam-se mais de 50% dos corais do mundo. Assim, é lançado o apelo: se não se limitar a subida da temperatura entre 1,5º e 2º Celsius (estabelecido no Acordo de Paris de 2015), a Grande Barreira de Coral, tal como a conhecemos, corre mesmo o risco de desaparecer.
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