A dimensão da Turquia no contexto do transporte marítimo de mercadorias da Ásia para o Mediterrâneo dificilmente deixará de afectar a actividade, na sequência da crise comercial despoletada pelo conflito comercial entre Washington e Ancara e que corre o risco de se agravar
Alphaliner

A crise económica da Turquia pode afectar negativamente as tarifas dos fretes marítimos entre a Ásia e o Mediterrâneo, de acordo com a consultora Drewry, refere o World Maritime News, recordando que este país é o quinto maior importador europeu de bens da Ásia.

O jornal, com base em dados da consultora, refere que embora tenham existido dificuldades nas rotas comerciais da Ásia para Europa este ano, elas ficaram relativamente confinadas à Europa do Norte nos primeiros meses de 2018. Algum crescimento demonstrado no transporte marítimo para o Mediterrâneo fica agora prejudicado pela situação na Turquia.

Uma crise que tem a sua origem imediata no conflito comercial que opõe Ancara a Washington. Depois do presidente dos Estados Unidos ter determinado novas taxas sobre o aço e alumínio turcos, no princípio de Agosto, a lira turca perdeu cerca de um quinto do seu valor e cerca de 40 mil milhões de dólares (35 mil milhões de euros) desapareceram do mercado de capitais turco. O que diminui a capacidade de procura no país.

O mesmo jornal, baseado na Drewry, refere ainda que apesar da queda no transporte marítimo contentorizado para Turquia possa ser mitigada a curto prazo com o aumento do turismo estrangeiro (favorecido pela desvalorização da moeda local), o país parece caminhar para uma profunda recessão se não ocorrer uma rápida resolução da crise actual.

Actualmente, existem 24 serviços semanais entre a Ásia e o Mediterrâneo, maioritariamente repartidos entre três importantes alianças de transporte marítimo do mundo (Ocean Alliance, 2M e The Alliance), dos quais apenas cinco fazem escala em portos turcos.

De acordo com a Drewry, é esperada uma racionalização das escalas na Turquia para fazer face à diminuição da procura no país, “mas dada a dimensão do mercado na região, podem ser necessárias medidas extremas por parte das empresas de transporte marítimo sob a forma de suspensão de serviços para manter o uso dos navios e as tarifas sustentáveis”.

 



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