O volume de carga movimentada nos portos mundiais ultrapassou as taxas de crescimento económico dos últimos 10 anos, essencialmente graças à contentorização de mercadoria, ao aumento da dimensão dos navios e às infra-estruturas portuárias de apoio, refere a publicação Port Stategy, com base num relatório da agência de notação financeira Fitch Ratings.
Todavia, as taxas de crescimento portuário tendem a abrandar para médias históricas e embora o crescimento deva continuar, é previsível que se aproxime cada vez mais das taxas de crescimento do PIB. Aumento de políticas protecionistas, alterações nos centros de produção e a chegada de tecnologias disruptivas poderão ajudar a explicar este fenómeno.
Para Emma Griffith, da Fitch Ratings, citada pela publicação, considera que a relação comercial entre a China e os Estados Unidos será bem suportada pelos principais portos de escala, apesar da sua exposição ao comércio chinês nalguns casos. Já os portos mais pequenos e especializados terão menos margem de manobra para enfrentar perdas nas importações e exportações se as commodities transaccionadas foram atingidas por taxas suplementares.
No entanto, a incerteza relativamente ao comércio entre a China e os Estados Unidos, que será afectada se prosseguir a escalada protecionista, pode prejudicar o crescimento de portos na zona Ásia/Pacífico, que têm sido os dinamizadores do crescimento portuário global.
Já nos portos da América do Norte, as alterações na política comercial não deverão refrear o crescimento, segundo a Fitch Ratings. “O investimento nos portos continuará a incidir no reforço da sua capacidade para acomodar navios maiores e o interesse dos investidores nesses activos parece mesmo estar a crescer”, refere Emma Griffith.
Nos portos da América Latina, a perspectia é mais imprevisível. Mudanças recentes na política comercial entre os Estados Unidos e a Ásia ensombram o desempenho futuro do negócio dos porta-contentores no Canal do Panamá e os portos brasileiros enfrentam desafios de sobre-capacidade.
Por outro lado, os portos europeus e do Médio Oriente não estão directamente no fogo cruzado das batalhas comerciais entre Estados Unidos e China. Mas a disputa assumir uma escala global e os fluxos comerciais, a relação tradicional entre o crescimento do PIB europeu e os fluxos comerciais será prejudicada. A principal questão a envolver os portos europeus, porém, será a precipitação do Brexit, com rupturas nos fluxos comerciais e introdução de barreiras aduaneiras.
Nos próximos anos, os principais factores disruptivos para os portos tenderão a ser as impressoras de 3D, os veículos autónomos, o aquecimento global ligado ao aumento do nível das águas, as mudanças nos mercados ou a reformulação dos modelos de carga. Em conjunto, deverão relectir-se na estrutura das cadeias logísticas tradicionais e nas infra-estruturas portuárias, por exemplo.
- Os Portos e o Futuro
- Sines não vai salvar nem a Alemanha nem a Europa…
- MAR: O Sucesso do Registo Internacional da Madeira
- Empesas de Reboque Marítimo: o drama de um mercado desvirtuado
- Registo da Madeira expande-se na Europa
- A evolução dos mercados e do transporte do Gás Natural Liquefeito
- A reduzida Marinha Mercante Portuguesa e a falta de ambição Marítima
- A transformação do «Shipping» e da Logística