Portugal, país dito de navegadores, tem tido no entanto muito poucos ARMADORES, sendo que a marinha mercante do último século o foi, a bem dizer por decreto (Estado novo, Despacho 100).
Há muito que não nascia um ARMADOR em Portugal. Por definição o ARMADOR (Do Italiano armatore) é aquele que, por sua própria conta e risco, sendo ou não proprietário, assume directamente a exploração comercial de um navio, auferindo os benefícios e suportando os prejuízos.
Pois bem, na primeira semana do corrente ano, fui mais uma vez a uma reunião de trabalho nos estaleiros da West Sea em Viana do Castelo. Fiquei feliz com a realidade que vi. Vi o estaleiro cheio de gente, trabalhadores, a vasta maioria jovens, mas desta feita, não em protesto, mas cheios de energia jovem e com grande azáfama. Olhei, para os navios que ali estavam, e concluí que dos 11 navios no estaleiro entre os docados e os atracados aos cais, nove deles pertenciam ao ARMADOR.
Ao fundo o primeiro navio de passageiros construído em Portugal, “World Explorer”.
Na doca seca três navios da Douro Azul e mais dois navios da Douro Azul em construção
Sim, o ARMADOR, mas o armador de letra grande! Refiro-me ao Senhor Dr. Mário Ferreira, dono da Douro Azul, da Mystic Cruises, e de mais um número de empresas. Embora contra tudo, e muitas vezes contra todas as probabilidades, e queira ele ou não, e queiram outros “velhos de Restelo” ou não, nasceu um ARMADOR genuíno (julgava eu, ser este facto somente digno de Gregos, Noruegueses, etc.).
A este nosso ARMADOR, ficamos a dever, um estaleiro cheio e azafamado por alguns anos com a encomenda de mais navios de cruzeiro, empregos quer a bordo quer no estaleiro, desenvolvimento de tecnologia, especialização de oficiais da marinha mercante portuguesa, quer para navegação no gelo, quer para lidarem com instalações propulsoras sofisticadas, e por fim o levar a bandeira nacional pelo mundo fora.
Para criar ARMADORES, coisa que não se ensina nas escolas, nem na Escola Náutica, é preciso observar e apreciar um bom exemplo. Observemos o nosso ARMADOR, o Dr. Mário Ferreira como tal, visionário, sonhador, persistente, líder, tractor de ideias, mas acima de tudo, com uma capacidade de aceitar risco acima da média.
Esta última característica, a “capacidade de aceitar o risco” é certamente aquela que fez no passado, e faz no presente e certamente fará no futuro os ARMADORES de todo o mundo.
Portugal como nação marítima necessita de “visionários marítimos” que tirem partido de uma característica natural, da sua posição geográfica, mais que estratégica, da sua história marítima e com capacidade de aceitar o risco, e de mobilizar gente, e gente tecnicamente muito apta. Enfim, só vantagens para o país!
A nossa homenagem ao Sr. Dr. Mário Ferreira.
Como tripulante de Navios cruzeiros e como Portugues os meus Parabens e Felicidades para o projeto