Em 2017, a frota portuguesa capturou 179.437 toneladas de pescado, menos 5,9% do que no ano anterior, revelou o relatório «Estatísticas da Pesca – 2017» recentemente publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM). De acordo com o documento, tal redução “resultou do menor volume de pesca em águas nacionais (-5,3%), bem como da menor captura em pesqueiros externos (-7,1%)”. Mas o pescado transaccionado em lota gerou receitas de 272.360 euros, mais 1,1% do que em 2016.
“A redução de capturas registada a nível nacional ficou a dever-se à menor captura de peixes marinhos que registou um decréscimo de 3,9% em relação a 2016. Para tal contribuiu sobretudo a cavala (-30,4%) mas também o carapau e as pescadas, que registaram menores volumes de captura (-4,8% e -24,6%, respetivamente). Para a redução da cavala não terá sido alheia a cessação temporária da actividade da frota do cerco, aliada à orientação para a captura de espécies mais valorizadas, como por exemplo o biqueirão. Consequentemente verificou-se um acréscimo do valor em 4,1%, comparativamente a 2016, em grande parte pelo peso que espécies mais valorizadas assumiram no total de pescado capturado”, refere o documento.
Diz também o documento que “houve no entanto para algumas espécies um aumento significativo da captura em 2017, caso dos atuns (+58,4%) e do biqueirão (+30,3%)”. Neste último, “continuou a verificar-se, em 2017, uma abundância desta espécie na costa portuguesa”.
As receitas da produção em aquicultura, com dados de 2016 (os últimos disponíveis, segundo o INE), atingiram os 75,2 milhões de euros (correspondentes a 11.259 toneladas, mais 17,8% do que no ano anterior), mais 38,9% do que em 2015. No mesmo ano, 2016, também aumentou a facturação da Indústria Transformadora da Pesca e Aquicultura face a 2015: 1.006 milhões de euros, mais 12,3% do que em 2015. O mesmo sector, no mesmo ano, produziu 231 mil toneladas de «congelados», «secos e salgados» e «preparações e conservas», menos 3 mil toneladas do que em 2015.
De acordo com o documento, “as exportações de «Produtos da pesca ou relacionados com esta atividade» atingiram 1 086,8 milhões de euros em 2017”, mais 10,7% do que e 2016. “Espanha liderou o destino das exportações dos produtos da pesca, concentrando mais de metade do total (50,8%, +1,1 p.p. face a 2016)”, refere o INE. No mesmo ano, “o saldo da balança comercial de «produtos da pesca ou relacionados com esta atividade» totalizou -1 022,9 milhões de euros, o que representa um aumento do défice em 71,3 milhões de euros face ao ano anterior, tendo a taxa de cobertura sido de 51,5% (50,8% em 2016)”, acrescenta o relatório.
O INE refere também que, em 2017, “o volume de descargas de pescado efectuado pelas organizações de produtores (OP) do Continente registou um decréscimo de 13,0% face a 2016, reflexo da menor descarga de cavala (-38,7%), carapau (-19,7%) e verdinho (-10,7%)”. E nota que “as OP registaram 1 807 embarcações associadas em 2017 (1 754 em 2016), correspondentes a 45% do total de embarcações licenciadas em Portugal”, acrescentando que “o preço médio anual do pescado fresco ou refrigerado descarregado em 2017 registou um aumento de 6,5%, passando de 2,10 €/kg em 2016, para 2,23 €/kg”.
O relatório revela ainda que em 2017, “nas actividades de apanha e pesca apeada sem o auxílio de embarcação, aumentou o número de apanhadores de animais marinhos (+0,6%) e de pescadores apeados (+0,4%), em relação a 2016. E que no final do último ano “estavam registados 17 642 pescadores, dos quais 72,2% inscritos na pesca polivalente, seguida dos segmentos do cerco (10,8%), da pesca em águas interiores (9,4%) e por último do arrasto (7,6%)”.
Estavam ainda “licenciadas 4 019 embarcações, menos 56 que em 2016”diz o relatório, acrescentando que “a frota licenciada em 2017 equivaleu a 50,7% do número total de embarcações, 85,0% do total da arqueação bruta e 81,4% do total da potência da frota registada nesse ano”. Nesse ano “foram abatidas 86 embarcações à frota de pesca, ou seja, menos 33 unidades que em 2016, sendo que 65,1% teve como destino a demolição”.
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