Privatização de serviços coloca segurança em causa, dizem os sindicatos
Canal do Panamá

Em conferência de imprensa realizada no dia 21 de Outubro, na Cidade do Panamá, a Federação Internacional dos Trabalhadores dos Transportes (FITT) voltou a lançar o alerta sobre questões de segurança nas novas eclusas do Canal do Panamá e associou a situação à privatização de serviços.

Recordando que a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) desenvolveu um estudo, em 2011, para determinar o tipo e a quantidade de recursos necessários às suas operações, e que os resultados apontavam para certas necessidades, a FITT, em comunicado de imprensa, nota que tais necessidades continuam por satisfazer.

“Apesar da revisão dos planos das eclusas, a ACP optou por não aumentar a sua frota de rebocadores”, afirma a FITT, acrescentando que “a falta de navios foi usada como desculpa para alugar 12 rebocadores a empresas privadas”. A FITT refere ainda que as “as tripulações desses navios vivem com receio de exclusão das actividades sindicais, o que significa que lhes pode ser negada representação sindical”. “O que as tem levado a trabalhar mais horas por menos dinheiro, sem protecção sindical”, refere a FITT, para a qual esta situação a preocupa por contribuir para fenómenos de fadiga e risco agravado de acidentes.

A grande crítica da FITT é à privatização de serviços pela ACP. No seu comunicado de imprensa, refere a tentativa da ACP de contratar serviços externos de emergência médica e ambulâncias, “tudo partes cruciais do plano de contingência no caso de um acidente”, e acusa a ACP de estar envolvida num “plano maior de privatização de muitos dos serviços disponibilizados pelo Canal do Panamá”, de que é exemplo o recurso aos rebocadores privados.

“Esta privatização foi condenada pelos nossos membros panamianos, que estão bem conscientes dos riscos de acidentes e da incerteza gerada por isto entre os trabalhadores do canal”, adianta a FITT. Para os sindicatos, isto representa uma falta de honestidade da ACP, especialmente porque o recente projecto do Canal do Panamá “foi integralmente financiado por dinheiro público”, e esse custo teve impacto noutras despesas públicas. “Qualquer privatização deste activo público irá indubitavelmente comprometer o mais importante activo do Panamá e do seu povo – o Canal”, conclui a FITT.

A FITT acusa ainda a ACP de não ter implementado nenhuma das medidas preventivas relativas ao risco de manobra propostas feitas pela federação sindical na sequência de um estudo que a mesma realizou e de querer destruir os sindicatos.

Até ao momento não são conhecidas reacções da ACP a estas referências.



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