Banco Mundial

Pescar menos, mas com mais qualidade, pode gerar, em média, benefícios para o sector das pescas estimados em 75,5 mil milhões de euros, revela o estudo The Sunken Billions Revisited – Progresses and Challenges in Global Marine Fisheries, do Banco Mundial (BM), datado deste ano, com base em dados de 2012.

O argumento utilizado pelo BM é o de que a redução da pesca permite a recuperação dos stocks de pescado sujeitos ao fenómeno da sobre pesca. Desta forma, os peixes ganham peso e, consequentemente, valor comercial, podendo gerar lucros entre 2,8 mil milhões e 81,3 mil milhões de euros.

Citando experiências consideradas de sucesso no Perú, em Marrocos, em ilhas do Pacífico e em países da África Ocidental, o BM admite que é possível diminuir o volume de pesca e, simultaneamente, melhorar as receitas das populações de zonas costeiras.

De acordo com o BM, em 2013, cerca de 90% das zonas pesqueiras monitorizadas pela Organizações das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, acrónimo da expressão em inglês) em todo o mundo enfrentam um esgotamento de capacidade pesqueira ou um fenómeno de sobre pesca.

Em meados dos anos 70 do século passado esse valor era de 60% e em 2005 já era de 75%. E em 2009, um estudo da FAO sobre o desempenho económico mundial do sector das pescas (The Sunken Billions: The Economic Justification for Fisheries Reform), estimava em 47,3 mil milhões de euros o valor das perdas anuais do sector. Uma conclusão que serviu para estimular a discussão sobre a necessidade de reformar as pescas a nível global para recuperar deste prejuízo.

O BM defende que reduzir o esforço de pesca no curto prazo significa um aumento de capturas no longo prazo. Permitir a reversão dos stocks em declínio geraria, entre outros efeitos, um aumento da biomassa do pescado nos oceanos, crescimento das capturas anuais em 13% e uma subida do preço unitário do pescado em 24% (“graças à recuperação de espécies de maior valor, nas quais a depleção é particularmente severa”), refere o estudo.

No limite, se o esforço de pesca fosse reduzido a zero nos primeiros anos e depois mantido num nível óptimo, diz o estudo, os stocks subiriam rapidamente para mais de 600 milhões de toneladas em cinco anos, antes de caírem para um nível ideal. E reduzir o esforço de pesca global em 5% ao ano durante 10 anos, permitiria alcançar o nível ideal dos stocks num prazo de 30 anos, refere o mesmo estudo.



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