Comunicado do Ministério do Mar a explicar a situação de apreensão embarcação de pesca Vila do Infante pelas autoridades Francesas:
«O Atum rabilho é uma espécie sujeita a TACs e quotas regulada a nível internacional no âmbito da ICCAT (Convenção Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico) e tem um Plano de Recuperação, sujeito a um apertado regime de controlo a nível da União Europeia, incluindo licenças especificas para a pesca dirigida.
A quota portuguesa é de 2,97% da quota da União Europeia, correspondendo a 399 toneladas (aumentou 20%, de 2016 para 2017, como resultado da recuperação do recurso).
A quota portuguesa é utilizada por 3 armações, já que nenhuma embarcação de pesca dispunha de capturas históricas de atum rabilho no período de referência para atribuição de licença específica para a pesca dirigida. Assim, as embarcações de pesca apenas podem capturar atum rabilho a titulo acessório, até 5% do total a bordo em peso ou em número de indivíduos.
Várias embarcações portuguesas, incluindo as registadas nas Regiões Autónomas capturam e descarregaram esta espécie no cumprimento dos 5% de capturas acessórias permitido, num total de 25 toneladas em 2017, das quais 14 toneladas foram capturadas pela frota registada na Região Autónoma da Madeira e as restantes 11, em quantidades semelhantes pela frota dos Açores e do Continente. Entretanto, a pesca em Portugal foi fechada em 19 de agosto, por ter sido atingida a quota disponível.
Relativamente ao ponto de situação do navio de pesca Vila do Infante que foi detido pelas Autoridades Fiscalizadoras da Pescas de França:
- No dia 17 de Agosto de 2017, pelas 18:14h foi remetido pelo Centre National de Surveillance des Pêches de França (CNSP) ao Centro de Controlo de Portugal (FMC-Portugal), informação relativa à detenção no Porto de Lorient do navio de pesca VILA DO INFANTE, devido à falta de registo de 18 000kg de BFT (atum-rabilho) e tubarão sardo (espécie proibida) que se encontravam a bordo.
- O navio de pesca VILA DO INFANTE tem licença para exercer actividade de pesca no Oceano Atlântico com palangre de superfície, mas não está autorizado a capturar atum-rabilho.
- O Centro de Controlo e Vigilância da Pesca de -Portugal realiza a monitorização e controlo da atividade de pesca, ao longo de 24 horas do dia, através de sistema de comunicação por satélite, VMS, identificando o geoposicionamento dos navios de pesca, pelo que possibilita a verificação da atividade de pesca nas áreas para que está licenciado.
- Relativamente à existência de atum-rabilho a bordo aguarda-se a confirmação deste facto pelas autoridades francesas, dado que o capitão/mestre do navio de pesca não registou as quantidades capturadas no Diário de Pesca Electrónico (DPE) que é reenviado, também por comunicação por satélite, para Portugal.
- Nos termos da regulamentação da União Europeia a situação do navio de pesca Vila do Infante é da competência das Autoridades Francesas, competindo a Portugal colaborar, prestar informação e cooperar com aquelas Entidades, no âmbito de Assistência Mútua, no sentido de ver cumpridas as obrigações legais previstas na Política Comum de Pesca.
- Desta forma:
- As autoridades francesas apreenderam o pescado e ordenaram a deslocação da embarcação para o porto de Lorient (o mais próximo). A embarcação ficou retida em porto e o pescado ilegalmente capturado vai ser destruído.
- O armador já prestou, entretanto, uma caução e deverá poder sair do porto após a autorização das entidades francesas.
- As autoridades francesas deverão instaurar um processo de infração, cuja responsabilidade é da exclusividade do capitão da embarcação/armador.»
2 comentários em “Apreensão de embarcação Portuguesa em França”
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O MAIS ESTUPIDO É QUE,APARENTEMENTE,VÃO “DESTRUIR” O PEIXE,PARA QUÊ PORQUÊ NÃO O DOAR A QUEM PRECISA…
Mas que delicioso comunicado do Ministério do Mar. Só agora é que descobriram que o controlo pelo Diário de Pesca Elctrónico não diz tudo…..Tudo muito explicadinho!
Gostaria de ver se a situação fosse inversa o que faria o Ministério francês.