Diversas organizações e especialistas ambientais aproveitaram mais uma edição da European Shipping Week para se congratular com a decisão do Parlamento Europeu (PE) de incluir o transporte marítimo no mecanismo europeu de permuta de emissões poluentes (emission trading system, ou ETS) e apelaram aos decisores políticos para adoptarem medidas dirigidas especialmente ao desempenho ambiental do sector.
De acordo com Faig Abbasov, da European Federation for Transport and Environment (T&E), uma organização que promove o transporte ambientalmente sustentável ao nível da União Europeia, “a IMO falhou até agora em dar uma resposta credível ao apelo para medidas urgentes decorrente do acordo de Paris”. O mesmo responsável, citado por vários meios de comunicação, notou que o ETS encorajará a IMO a cumprir o que ela mesmo prometeu no seu roteiro e que os Governos da UE devem agora acompanhar o PE se a IMO não agir conforme previsto.
Já Daniel Riegger, da Nature And Biodiversity Union (NABU), uma associação ambientalista alemã, recordou que morrem anualmente 50 mil pessoas prematuramente na UE, vítimas de poluição atmosférica proveniente dos navios. E notou que enquanto todas as fontes terrestres de emissões poluentes têm sido reguladas ao longo dos anos, o transporte marítimo ainda carece de medidas efectivas para o controlo das emissões que gera.
Face a situações como a combustão de combustíveis pesados pelos navios sem consequente tratamento dos gases de escape, que ainda são uma prática comum em mar aberto apesar da existência dos meios regulamentares e técnicos para limitar esse risco, os ambientalistas defendem que a UE deve designar todas as suas águas como zonas livres de emissão de enxofre, azoto e partículas.
Tal processo, além de favorecer uma utilização de combustíveis mais limpos, contribuiria para a utilização de filtros, catalisadores e outras tecnologias, susceptíveis de diminuírem significativamente a poluição atmosférica me cidades portuárias e nas rotas do transporte marítimo.
De acordo com algumas estimativas, as emissões de CO2 geradas por navios da UE terão aumentado 86% no período entre 1990 e 2050, ano em que o transporte marítimo internacional deverá ser responsável por 17% das emissões globais de CO2, se permanecerem desregulamentadas, como sustentam alguns ambientalistas.
Outro tópico relacionado com o transporte marítimo questionado pelos ambientalistas é o impacto provocado pelos navios em fim de vida. Ingvild Jenssen, da Organização Não Governamental (ONG) Shipbreaking Platform, considera que “as práticas escandalosas das empresas de transporte marítimo europeias só podem ser travadas com medidas que vão para além da jurisdição do Estado do pavilhão dos navios”.
Nesse sentido, apela à UE para que exija uma licença de reciclagem de navios a todos os navios que visitem os seus portos. “Os lucros realizados pela exploração de trabalhadores e débil implementação de normas ambientais na Ásia do sul constituem dinheiro sujo”, refere este responsável. Segundo refere, os armadores europeus estão no topo da lista entre os que vendem navios para desmantelamento em praias com más condições ambientais e de segurança laboral no sul da Ásia.
- Ainda o dilema da Mineração em Mar Profundo
- Para salvar os oceanos e os cetáceos temos de actuar já
- Para Celebrar o Dia da Terra _ e do Mar também…
- Bandeira Azul não se aplica apenas às praias mas também a Marinas e Marítimo-Turística
- Os quatro anos da Fundação Oceano Azul e a importância das AMP
- 14 Municípios já aceitaram competências para gerir praias
- Nem só de plásticos morrem os animais marinhos
- Foram resgatadas três baterias poluentes perto da Ilha de Culatra