As algas castanhas, ou Fucus guiryi, refugiam-se das modificações climáticas em “zonas de afloramento costeiro”, conforme conclui um estudo de Carla Lourenço, investigadora do CCMAR (Centro de Ciências do Mar) da Universidade do Algarve, agora publicado no Journal of Biogeography.
O estudo, que incidiu em regiões onde as alterações do clima têm sido bastante pronunciadas, demonstrou pela primeira vez que “as zonas de afloramento costeiro servem de refúgio climático a várias espécies”, conforme comunicado do CCMAR.
Conforme esclarecemos junto da investigadora, o afloramento costeiro é um fenómeno que se traduz no deslocamento das águas de superfície por acção do vento, e sua substituição por águas mais profundas e frias. Assim, em zonas de afloramento permanente ou temporário, existem condições particulares de sobrevivência desta espécie. Ainda por determinar está o facto de saber se a resistência da espécie se deve à temperatura mais fria da água ou à sua composição.
De acordo com os investigadores, na costa sudoeste da Península Ibérica e no norte de África foram identificadas cinco áreas sujeitas a afloramentos costeiros e aí verificaram que a espécie resistiu, ao contrário do que sucede noutras zonas, como a Praia de Santa Eulália, em Albufeira, onde mais de 90 por cento da Fucus guiryi desapareceu em seis anos. A costa marroquina terá sido, aliás, o local onde terá sido registado o principal e mais diversificado grupo genético da espécie.
A importância da sobrevivência da espécie prende-se com a possibilidade de preservação da sua diversidade genética e o impacto potencial do seu desaparecimento, que pode afectar outras espécies que dela dependam. Face ao aquecimento global, conforme se refere na comunicação do CCMAR, “a biodiversidade e os padrões de distribuição de várias espécies têm sofrido alterações”, pelo que se torna importante identificar locais em que estas “possam permanecer, durante períodos, mesmo com condições menos favoráveis”.
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