Com a realização da I Conferência do Jornal da Economia do Mar, a celebração do seu 1º Aniversário e a entrada em pré-campanha eleitoral, entramos, decididamente, num novo ciclo.
A realização da I Grande Conferência do Jornal da Economia do Mar, «Para Que Queremos Tanto Mar», bem como a celebração do 1º Aniversário do Jornal, foram a cúpula de um ciclo agora fechado para outro se iniciar.
Como todos sabemos, o Jornal da Economia do Mar nasceu com vários propósitos, entre os quais o de alargar a consciência de todos pela importância do mar para Portugal, primordialmente geoestratégica mas também económica, não havendo hoje geoestratégia que o valha sem a necessária economia que permita sustentá-la, bem como dar a conhecer o quanto de muito, e de muito bom, é feito em Portugal se faz nessa área _ ainda um pouco menos do que se gostaria e seria eventualmente necessário, em extensão e em termos quantitativos, por certo, mas muito além do que vulgarmente se sabe e se crê _, bem como congregar num mesmo «lugar-comum» todos quanto, igualmente preocupados com o futuro de Portugal, entendem também que, ou Portugal sabe olhar para o mar com «olhos de ver» e age consequentemente, ou Portugal está condenado a definhar e inexoravelmente evanescer, até desparecer numa vaga memória de passada glória sem possibilidade já de qualquer actualidade.
Se ninguém pode amar por nós, tampouco se poderá esperar que outros façam quanto a cada um, e a cada um só, nós cumpre realizar.
Quando se afirma estar Portugal em perigo ou risco de definhamento, evanescimento e desaparecimento, não se veja em tal expressão qualquer melodramatismo mas simples constatação de facto, bem como, quando se afirma a cada um cumprir quanto é chamado a realizar, é isso mesmo que se diz.
Por isso mesmo também a importância da realização da I Grande Conferência do Jornal da Economia do Mar porque, reunindo durante um longo dia algumas das mais importantes figuras, de um modo ou outro, ligadas às múltiplas actividades da área do mar, quem, com «conhecimento de experiência feito», sabe exactamente do que fala e nos pode, de facto ajudar a melhor compreendermos o ponto em que estamos e quanto importa fazer para virmos a estar onde, sem dúvida, como se espera, todos queremos vir a estar, mostrou como há quem entende perfeitamente o que atrás ficou dito e aja consequentemente.
Entretanto. para que se possa ter uma pálida ideia do que foi essa magnífica I Grande Conferência do Jornal da Economia do Mar, onde todos, oradores e assistentes, «sem lábia», abordaram alguns dos mais decisivos temas para o nosso futuro, aqui damos, neste número, uma breve descrição dos diferentes painéis, sabendo o risco, assim como traduzir é, de algum modo, sempre trair, no caso, de decapitarmos o mais importante, ou seja, o espírito que pairou em todas as sessões e é sempre impossível de retransmitir ou dar sequer a mais ténue percepção, mesmo na mais fiel transcrição. Mesmo assim, fazemo-lo por crermos que, além de ser sempre possível pelo pouco transcrito perceber o muito mais que se passou, bem como para tornar igualmente patente parte do melhor que há em Portugal e nem sempre é devidamente tido em conta pelas diversas instâncias que nos governam, ou seja, as que sabem e que pensam, que verdadeiramente sabem porque verdadeiramente pensam.
E para além disso, importar igualmente que, daqui a um ano, não estejamos todos a falar outra vez do mesmo do mesmo como se entretanto, nada houvesse acontecido ou passado, como é típico e não raras vezes sucede entre nós.
Por tudo isso, a Conferência não deixa de representar também, de algum modo, o fecho de um ciclo a exigir agora que um outro se abra, mais virado para o exterior e que constitui, sem dúvida nenhuma, o grande desafio do Jornal da Economia do Mar para o seu segundo ano de vida. Um assunto ao qual voltaremos em seu devido tempo.
Entretanto, a celebração do 1º Aniversário do Jornal da Economia do Mar, realizada num magnífico fim-de-tarde de navegação ao longo do Tejo a bordo do Catamaran da WaterX, um projecto de João Mendonça desenhado por Tomás Costa Lima e construído nos Estaleiros da Nautiber, no Algarve, em que «apenas os motores não são nacionais», juntando mais de uma centena de pessoas entre assinantes, leitores e anunciantes, além da piada dita por alguém, sobre o naufrágio do navio nessa tarde levar consigo metade do PIB da economia do mar nacional, deu também boa nota de como o mar, afinal, ainda as melhores das almas e justifica as mais altas esperanças no futuro.
E se falamos de futuro e de novos ciclos, entrados já em pleno período pré-eleitoral, o que se verifica também é que o mar, em termos políticos, continua, porém, a contar pouco, ou seja, continua a contar como um sector como outro qualquer, ao qual se atribui relevância mas não a decisiva importância que tem e como, sobretudo os candidatos a futuros Chefes de Governo, para além de todos nós, também deveriam ter.
Os próximos anos, como é sabido, irão ser decisivos. Não apenas pelo Horizonte 2020 poder representar as últimas transferências d grandes Fundos da União Europeia para Portugal mas, acima de tudo, porque o mundo não dorme e, um dia, percebemos que, uma vez mais, mais não nos resta senão ficarmos mesmo, literalmente, a ver os navios a passar.
Um tema ao qual, inevitavelmente, iremos regressar. Não porque entendamos que ao Governo cumpra tudo, pelo contrário, mas sabendo também que algo lhe cumpre, o quanto esperamos é, acima de tudo, a libertação da economia e da «sociedade civil», e que olhe e ouça, com olhos de ver e ouvidos de ouvir, quem sabe por «conhecimento de experiência feito», sem nunca esquecer que a dinâmica da nossa economia depende essencialmente das Pequenas e Médias Empresas e que são essas mesmas as que mais necessitam de ajuda, não em termos de subsídios mas em termos de liberdade de acção, sem os constrangimentos burocrático-legais que sempre as vão lentamente asfixiando, como hoje tantas vezes sucede.