Rui d’Orey vai liderar a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal durante os próximos três anos, até final de 2017

Rui d’Orey, tendo como Vice-Presidentes, Carlos Vasconcelos, da MSC Portugal, como Vice-Presidente, João Valdemar, da Euroline, Luís Paz da Silva, da Marmedsa e Óscar Burmester, Burmester & Stuve, tomou posse como Presidente da AGEPOR, Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, para o triénio 2015-2017, num momento, como classificou no seu discurso inaugural, particularmente interessante por se perspectivarem grandes mudanças para o sector.

Entre as mudanças perspectivadas, o novo Presidente da AGEPOR começou por destacar, em primeira instância, a entrada em funções da nova Autoridade da Mobilidade e Transportes, AMT, que, representando sempre uma profunda mudança do modelo institucional do sector, não deixará de implicar igualmente alterações mais ou menos profundas no mesmo, embora, neste momento, a sua verdadeira amplitude e repercussão ainda seja difícil de antecipar por não serem conhecidos nem o exacto âmbito da sua acção, nem o exacto tipo de regulação a ser aplicado, nem a exacta articulação com o actual Instituto da Mobilidade e Transportes, IMT, nem o exacto modo de articulação com o Governo e as Administrações Portuárias, nem ainda que exactas alterações as mesmas irão sofrer, sendo hoje concedentes, prestadoras de serviços e reguladoras.

Em simultâneo, ainda na ordem das mudanças, Rui d’Orey, constatando como o crescimento constante da actividade portuária verificado ao longo dos últimos anos, tudo levando a crer assim dever continuar manter-se num futuro próximo, conduzindo e obrigando assim à sua expansão, conclui que tal circunstância não deixará de constituir igualmente uma enorme oportunidade que não pode ser desperdiçada.

Por outro lado, no domínio social, as negociações dos novos Contractos Colectivos de Trabalho, actualmente em curso, representam, na sua perspectiva, outro enorme desafio para, sem perda do respeito e consideração por quem serve nos portos nacionais, obriga, implica e exige, no entanto, a sua «implacável» actualização e modernização para fazer face à «implacável» competição global, uma vez só sobreviver quem, de facto, souber, com toda a coragem, proceder à necessária evolução, adaptação e actualização.

No plano internacional, Rui d’Orey destacou, entre outros aspectos de mudança que não deixarão, uma vez mais, de colocar tantos desafios quanto abrir novas oportunidades ao sector, entre as quais apontou como mais significativas, o reordenamento das mega-alianças globais, 2M, G6, CHKYE e Ocean Three, bem como uma nova onda de aquisições e fusões, como a da Hapag Lloyd com a CSAV ou a compra da OPDR pela CMA-CMG, a introdução da primeira zona SECA, Sulphur Emission Control Area, no Norte da Europa e a tendência de projecção global dos operadores de terminais.

A terminar, o novo Presidente da AGEPOR, sublinhou ainda a Associação ter sido desde sempre uma acérrima defensora da redução do peso do Estado na economia, não deixando, no entanto, de reconhecer também neste aspecto faltar andar «muito caminho» para reduzir o peso, e consequente asfixia, do Estado à economia.

Sérgio Monteiro, Secretário de Estado dos Transportes, marcando também presença na tomada de posse dos novos Órgãos Sociais da AGEPOR, começou por congratular a Associação porque, defendendo sempre, como referiu, a importância de serem as Associações a assumirem, elas mesmas, a liderança na tão inevitável quanto necessária evolução tendo em vista a implantação de um indispensável modelo de efectiva concorrência, esquecendo de vez a velha ideia das «rendas fixas», ter sido exactamente essa atitude que sempre viu na Associação dos Agentes de Navegação de Portugal.

Em simultâneo, no que respeita à futura AMT, o Secretário de Estado, reconhecendo estar-se ainda em fase de «moldar a sua realidade», tanto no que respeita aos processos de licenciamento e fiscalização, bem como de regulador económico, não deixou porém de assinalar a importância da partilha de informação, reputando mesmo tal aspecto, como «fundamental», sem deixar no entanto de referir, a concluir, depender a efectiva concretização do modelo preconizado, de todos.

Por fim, após ter manifestado uma especial preocupação com a imperiosa necessidade de redução de custos no transporte de mercadorias, Sérgio Monteiro voltou igualmente a salientar a importância do Plano do Governo para os Portos e a sua consequente expansão que deverá permitir triplicar efectivamente a carga movimentada, tal como afirmou esperar, acentuando e assegurando concomitantemente, uma vez mais e de forma veemente, todos os investimentos a serem realizados, virem a sê-lo total e exclusivamente por privados, sem qualquer intervenção financeira do Estado.



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