Pela primeira vez na sua história, Portugal vive sem ter Conceito Estratégico e é perigoso porque isso pode colocar em causa uma das suas «janelas de liberdade», o seu mar.
As afirmações de Adriano Moreira foram proferidas Sexta-feira, no discurso de entronização como confrade da Confraria Marítima de Portugal onde, num longo discurso, começou por lembrar a Crónica da Conquista da Guiné de Gomes Eanes de Zurara e do relato do Conselho Real onde se decidiu partir à conquista de Ceuta, concluindo ser este um excerto da Crónica que todos os governantes deviam ler e saber de cor como exemplo de procura e formulação de um Conceito Estratégico para a nação.
Lamentando que Portugal se tenha deixado ultrapassar na liderança da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, sendo a recente entrada da Guiné Equatorial, bem como o modo como tudo ocorreu, exemplo das consequências disso mesmo, quando essa era a primeira «janela de liberdade» que deveria ser a todo o custo, bem assim como veio a suceder, na sua opinião, com a segunda «janela de oportunidade», a questão do Instituto da Língua Portuguesa e o caso do famigerado Acordo Ortográfico, em que Portugal se viu, uma vez mais, completamente ultrapassado e acabou por ficar sozinho e completamente isolado numa questão da maior relevância.
Nesse sentido, deduz-se a sua apreensão com o actual momento, dada a falta, como repetidamente sublinhou, podendo a falta de Conceito Estratégico conduzir a uma igual perda do sentido da importância da terceira «janela de liberdade», o mar, como, de alguma forma, a recente situação da decisão Norte-Americana de redução de forças na Base das Lages, de alguma forma, torna relativamente evidente. Se é certo que deplorou a decisão Norte-Americana, na sua opinião, Portugal também não terá sabido estar inteiramente à altura da situação.
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