Entra hoje em vigor o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, que prevê a limitação do aumento da temperatura média do planeta a dois graus (face aos níveis da época pré-industrial) até ao final deste século. Desde Outubro, quando 55 países representativos de 55% das emissões globais já tinham ratificado o acordo, que estão cumpridos os requisitos mínimos para a sua entrada em vigor.
De acordo com vários cientistas, o cumprimento deste acordo permitirá reduzir a probabilidade de tempestades mais severas, secas mais longas, aumento dos níveis mar e outros fenómenos climáticos extremos. No entanto, os cientistas também avisam que nem que a limitação fosse de 1,5º seria possível eliminar os efeitos das alterações climáticas. Apenas seria possível minimizar esse impacto.
Apesar do entusiasmo associado à entrada em vigor do Acordo de Paris, ainda ontem responsáveis pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (United Nations Environment Programme, ou UNEP) apelavam para um corte de mais 25 por cento nas emissões de gases com efeito de estufa do que o previsto no acordo, “para se alcançar o objectivo mais forte e mais seguro” de limitar o aumento de temperatura a 1,5º celsius.
O apelo foi feito em Londres, durante a apresentação do relatório anual da UNEP sobre emissões, que revelou que em 2030 são esperadas 54 a 56 milhões de toneladas de emissões equivalentes ao CO2, muito acima do limite de emissões necessárias nesse ano para manter o limite do aumento de temperatura nos 2 graus, que é de 42 milhões de toneladas.
“Se não começarmos já a tomar medidas adicionais, desde logo na próxima reunião sobre o clima, em Marraquexe, iremos lamentar a inevitável tragédia humana; os crescentes números de refugiados do clima afectados pela fome, pobreza, doenças e conflitos serão uma recordação constante do nosso falhanço”, referiu Erik Solheim, Director Executivo do UNEP.
A reunião de Marraquexe a que se referia Erik Solheim é o encontro de partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UN Framework Convention on Climate Change, ou UNFCC), também designada por COP 22, que arranca no próximo dia 7 de Outubro naquela cidade marroquina.
O relatório apresentado ontem, porém, também regista que existem diversas formas para que os Estados e outras entidades implementem cortes adicionais de emissões, visando tornar os objectivos acessíveis, incluindo aceleração de processos de eficiência energética e a interacção com as Metas para o Desenvolvimento Sustentável.
Por exemplo, entidades não governamentais, como as do sector privado, municípios ou grupos de cidadãos, podem ajudar a reduzir em muitos milhões de toneladas as emissões até 2030, designadamente em áreas como a agricultura ou o transporte. A eficiência energética é outra oportunidade: um aumento de 6% no investimento realizado na indústria em 2015 nesta matéria prova que alguma coisa está a acontecer.
Além disso, diversos estudos revelam que um investimento de 18 a 90 euros por tonelada de CO2 levaria a reduções de 5,9 toneladas nos edifícios, 4,1 toneladas na indústria e 2,1 toneladas nos transportes em 2030.
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