Conclui relatório para Grupo de Resposta a Incidentes Marítimos no Mar Báltico
Baltic Sea MIRG

O risco de incêndio a bordo de navios, especialmente nos de passageiros ro-ro, constitui uma ameaça à segurança marítima na Europa, concluiu um relatório elaborado pela Guarda Fronteiriça Finlandesa e pela Agência de Segurança nos Transportes Finlandesa para o Projecto do Grupo de Resposta a Incidentes Marítimos do Mar Báltico (Baltic Sea MIRG, em inglês), que visa criar modelos padronizados de intervenção em incidentes marítimos no Mar Báltico e harmonizá-los com os serviços europeus congéneres .

Para valorizar a conclusão, os autores notam que cada um destes navios pode transportar mais de mil passageiros e que se trata de um meio utilizado por dezenas de milhões de pessoas. Além disso, recordam, há registo de muitas vítimas mortais entre passageiros e tripulantes por motivo de incêndio a bordo de navios em águas europeias. Todos os anos, em 6% dos incêndios a bordo de navios de passageiros ro-ro, existem vítimas mortais ou com ferimentos graves, referem.

De acordo com a Lloyd’s List Intelligence, uma plataforma informativa sobre a indústria marítima, citada por meios de comunicação internacionais, ocorreram 74 incêndios a bordo de navios em águas europeias durante 2014, 10 dos quais considerados graves. E entre 2004 e 2014, verificaram-se 799 incêndios em navios, 10 por cento dos quais graves.

Na mesma década, segundo o relatório das autoridades finlandesas, registou-se uma ligeira subida no número de incêndios a bordo de navios e são destacados os navios de carga, de cruzeiros e de passageiros ro-ro (neste último caso, igualmente registado por companhias seguradoras). Apesar de pequeno, tal aumento desta sinistralidade “não deixa margem para complacência”, refere o relatório.

Um dos casos mais sérios de incêndio em navios na Europa, citado no relatório, ocorreu em 1990, quando 159 pessoas morreram a bordo do Scandinavian Star. “Esta tragédia teve um papel significativo na decisão da IMO (International Maritime Organisation) de lançar os preparativos para o International Safety Management Code (Código Internacional de Segurança Marítima)”, refere o relatório.

“Quando entrou em vigor, os sistemas de gestão de segurança tornaram-se obrigatórios para muitos operadores e navios”, refere o documento. O caso é demonstrativo de uma realidade do sector: o lançamento de medidas de segurança resulta mais da ocorrência de catástrofes do que de prévias avaliações de risco.

Embora sem margem de manobra para complacência, “prevenir incêndios pode ser difícil”, diz o relatório, mencionando que existe um vasto leque de causas potenciais, desde falhas eléctricas a actividades humanas. O que torna difícil, senão impossível, prever todas as eventualidades. Por este motivo, as causas de incêndio nem sempre têm o mesmo peso que outras na avaliação das condições de segurança dos navios.

Além disso, mesmo a conformidade dos navios com os regulamentos de segurança não garante a sua total segurança, menciona o documento. Mas não deixa de ser um bom ponto de partida. De acordo com os autores, com base numa avaliação feita junto das autoridades de investigação de segurança finlandesas, a atitude desempenha um papel fundamental na prevenção. E isso pode verificar-se em procedimentos tão elementares, como a manutenção de certas áreas limpas ou dos equipamentos em condições de utilização adequadas.

 

 



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill