Dos 114 marítimos feitos reféns ou raptados em todo o mundo no primeiro trimestre deste ano, todos menos um foram vítimas de ataques ocorridos no Golfo da Guiné, segundo informa o centro de registo de actos de pirataria do International Maritime Bureau (IMB) da Câmara Internacional da Marinha de Comércio.
Além disso, neste período, o Golfo da Guiné responde por mais de 40% (29) dos incidentes de pirataria marítima ou assalto à mão armada ocorridos em todo o mundo. E foi na mesma zona que se registou a totalidade (quatro) dos incidentes de sequestro de navios verificados no mesmo período em todo o mundo.
Um motivo mais do que suficiente para que o IMB assuma que está em curso uma vaga de incidentes deste género na África Ocidental que faz aumentar os índices globais de pirataria marítima e assaltos à mão armada no mar.
Dos quatro navios sequestrados, dois eram petroleiros ancorados em Cotonou, no Benim, e dois eram barcos de pesca, um capturado a 30 milhas náuticas ao largo da Nigéria e outro a 27 milhas náuticas ao largo do Gana. Por outro lado, só na Nigéria registaram-se 22 dos 66 incidentes à escala global. E foi também na Nigéria que se verificaram oito dos 11 casos em que os navios atacados foram alvo de disparos.
De acordo com um porta-voz do IMB, “o sequestro de navios tanque no Golfo da Guiné é motivo de preocupação; nestes casos, o objectivo dos perpetradores é roubar a carga e raptar a tripulação”. O mesmo responsável avisa que “a rápida detecção e reacção a movimentos não autorizados de um navio ancorado pode ajudar a responder com eficácia a estes ataques”.
Ainda segundo o IMB, no período em análise, o total de incidentes em todo o mundo (66) representa um aumento significativo face a igual período de 2017 (43) e de 2016 (37). No mesmo trimestre, além dos 114 casos de sequestro ou rapto de tripulantes, dos 11 navios sujeitos a tiros e dos quatro navios sequestrados, foram abordados 39 navios e recebidos registos de 12 tentativas de ataque a navios.
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