O custo previsto da reabilitação da antiga estação fluvial Sul e Sueste, em Lisboa, e do espaço envolvente é de 7 milhões de euros, revelou ontem o Director-geral da Associação de Turismo de Lisboa (ATL), Victor Costa, durante a cerimónia de assinatura do protocolo de cedência daquele espaço à Câmara Municipal de Lisboa (CML) pelo Estado português por 50 anos.
A reabilitação, cujas obras não têm prazo para começar mas deverão estar concluídas no final de 2017, estará a cargo da ATL, que ainda não está em condições de revelar como a vai financiar (embora o Director-geral da ATL tenha admitido ao nosso jornal que a associação encontrará as fontes de financiamento e que parte dele será próprio).
Os objectivos da intervenção, que abrange uma área de 4 mil m2, são recuperar o edifício, símbolo do modernismo classificado como de interesse público e projectado originalmente pelo arquitecto Cottinelli Telmo, e que se encontra em situação de risco estrutural, criar um terminal de actividade marítimo-turística, recuperar o espaço público envolvente e completar a requalificação da zona ribeirinha de Lisboa.
Desta forma, segundo Victor Costa, será possível “criar boas condições operacionais e financeiras para o desenvolvimento das actividades marítimo-turísticas que aproveitem o rio para passeios, circuitos e outros programas, dar visibilidade a estas actividades numa zona central de grande concentração turística, estimulando a sua utilização pelos turistas e pelos residentes e desenvolver sinergias e partilhar serviços entre operadores”.
A recuperação do edifício, cujo projecto está a cargo da arquitecta Ana Costa, neta de Cottinelli Telmo, incluirá a reposição de elementos originais, como os painéis, e a remoção de elementos posteriores. A reabilitação do espaço exterior, cujo projecto é de Bruno Soares, inclui a recuperação do Cais das Colunas e a reconstrução do Muro das Namoradeiras, bem como o fim do aterro criado por ocasião das obras do metropolitano do Terreiro do Paço.
Em termos funcionais, a antiga estação fluvial, incluindo os espaços exteriores, vai contemplar um novo pontão para embarcações ligeiras de turismo e dois pontões reabilitados para navios de cruzeiros, bilheteiras, uma Lisbon Shopping, dois restaurantes, esplanadas e zonas verdes.
Numa intervenção que fez na cerimónia, o presidente da CML, Fernando Medina, atribuiu uma importância estratégica ao acto, que visa “devolver a frente ribeirinha à cidade”, no âmbito de um processo que começou há anos e inclui intervenções no Cais do Sodré, Ribeira das Naus, Terreiro do Paço, Campo das Cebolas e Terminal de Cruzeiros, e aproveitar “um dos principais activos da cidade e da região, que é o rio Tejo”.
Na ocasião, o autarca afirmou também que “o que aqui vai nascer é a recuperação deste espaço que esteve subtraído há cidade por mais de uma década” e que constitui “a última pedra, a última peça no amplo projecto de recuperação da frente ribeirinha de Lisboa, do Cais do Sodré a Santa Apolónia”. Recordou também que a CML tem já um protocolo com a Marinha para a devolução da Doca da Marinha à cidade e que actualmente está reservada a uso militar.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, que juntamente com o ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, representou o Estado na cerimónia, recordou que o imóvel foi recentemente desafectado do domínio público ferroviário.
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