Os dois portos com maior potencial de risco por catástrofe para as seguradoras são o de Nagoya (Japão) e Guangzhou (China), concluiu a empresa norte-americana de gestão de risco RMS. No primeiro caso, o risco de perdas atinge 2 mil milhões de euros e no segundo 1,8 mil milhões, estima a RMS.
A empresa concluiu também que seis dos dez portos com maior risco são nos Estados Unidos (Plaquemines, Nova Orleães, Pascagoula, Beaumont, Baton Rouge e Houston), dois na Europa (Le Havre, em França, e Bremerhaven, na Alemanha) e dois na Ásia (Nagoya e Guangzhou).
Na sua análise, a empresa verificou, com surpresa, que não existe uma relação directa entre a dimensão dos portos e o risco de perdas por catástrofes, dado que portos mais pequenos, como o de Plaquemines, em Los Angeles, que ocupa o terceiro lugar, com um risco de 1,3 mil milhões de euros, Pascagoula, no Mississipi, ou Bremerhaven, integram a lista dos dez mais perigosos, devido ao tipo de carga que acolhem ou às intempéries que enfrentam.
“Enquanto a China é a rainha no volume de tráfego de contentores, o nosso estudo verificou muitos pequenos portos dos Estados Unidos têm alto risco, largamente devido aos furacões; a nossa análise prova aquilo de que já há muito suspeitávamos: que técnicas obsoletas e dados incompletos escondiam muitos locais de alto risco; e a indústria precisa de deixar de adivinhar quando se trata de determinar o risco de catástrofe”, refere Chris Folkman, Director de Gestão de Produto da RMS.
De acordo com a empresa, embora o uso de contentores no transporte marítimo tenha beneficiado largamente a economia, também é verdade que aumentou o risco de exposição a catástrofes assumido pelas seguradoras, devido à dimensão crescente dos navios e à cada vez maior capacidade dos portos (em equipamentos e instalações de armazenamento).
Segundo a RMS, navios maiores tornaram impraticável o acesso a certos portos, designadamente, na margem de rios, obrigando o transporte marítimo a escolher portos em mar aberto, mais vulneráveis a furacões, tufões e outras tempestades. “Além disso, muitos portos são construídos em aterros, ampliando a sua vulnerabilidade ao risco de terramoto”, refere a empresa.
Para a empresa, as conclusões a que chegou constituem motivo de preocupação para as seguradoras de transporte marítimo, sobretudo, porque surgem na sequência de quatro anos de catástrofes geradoras de milhares de milhões de euros em perdas, com destaque para a explosão no porto de Tanjin, na China, em 2015, de que resultaram perdas superiores a 2,6 mil milhões de euros, a tempestade Sandy, em 2012, que provocou perdas de mercadorias no valor de 1,8 mil milhões de euros, e o terramoto e maremoto de Tohoku, em 2011. Na opinião de Chris Folkman, “o valor da carga exposta a catástrofes é enorme e espera-se que continue a aumentar”.
Para realizar a sua análise e as suas estimativas, a RMS recorreu a um modelo segundo o qual as perdas são calculadas num período de 500 anos, o que significa que uma ocorrência ou combinação de ocorrências têm uma hipótese em 500 de se verificarem num determinado ano. E as ocorrências com base nas quais os cálculos são feitos são furacões, tufões, grandes tempestades e terramotos.
No modelo foi introduzido outro factor: informação sobre carga. Isto permitiu calcular os principais riscos de cada porto, o seu impacto na carga e as perdas financeiras potenciais daí decorrentes. Valores de salvados, embalagens, protecções estruturais, tipo de carga, localização e tipo de armazenamentos, tempo de movimentação de mercadorias, entre outros factores, foram considerados. Na avaliação foi utilizada uma análise geo-espacial a milhares de quilómetros quadrados resultante de imagens de satélite relativas a portos em quase 80 países.
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