A pesca industrial que recorre ao arrasto de profundidade terá desperdiçado 437 milhões de toneladas de pescado e 471 mil milhões de euros ao longo dos últimos 65 anos nos oceanos de todo o mundo, concluiu o estudo «Global use of marine fishing gears from 1950 to 2014: Catches and landed values by gear type and sector», realizado pelo Instituto de Pescas e Oceanos da Universidade da Columbia Britânica, do Canadá, citado pelo Maritime Executive.
De acordo com Tim Cashion, coordenador do estudo e citado pela publicação, “a pesca industrial por arrasto não traz para o porto tudo o que captura”. O investigador refere que durante o período estudado, mais de 750 milhões de toneladas de pescado foi desperdiçado em todos os oceanos do globo e 60% desse desperdício resultou do arrasto de profundidade. O estudo concluiu também que das 5,9 mil milhões de toneladas de pescado, 4,6 mil milhões (77%) foram pesca industrial, equivalentes a 2 milhões de piscinas olímpicas cheias de peixe.
O estudo concluiu que o arrasto de profundidade foi responsável por 1,6 mil milhões de toneladas (27,6%) das capturas da pesca global e que o arrasto pelágico (em profundidades desde as dezenas de metros até aos 6 mil metros) foi responsável por 550 milhões de toneladas (9%) das capturas globais. E concluiu igualmente que a pesca de pequena escala, equivalente a 1,3 mil milhões de toneladas (23%), ou 600 mil piscinas olímpicas cheias de peixe, responde por um valor de pesca desembarcada superior ao da pesca industrial, porque resulta de técnicas que geram menos desperdício (cerco, palangre, redes verticais, entre outras).
A propósito do desperdício resultante da pesca industrial por arrasto de profundidade, Tim Cashion refere que os pescadores não aproveitam parte das capturas, que não são consideradas as mais valiosas, mas que corresponderiam aos tais 471 mil milhões de euros se fossem desembarcadas. Outro investigador do estudo, Deng Palomares, sublinha a ironia do facto de esse tipo de pesca ser dispendioso e muitas vezes só ser possível com subsídios públicos, o que o torna uma prática ineficiente.
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