O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) publicou recentemente uma compilação de dados sobre o estado dos stocks pesqueiros em 2018 resultante de uma avaliação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIEM/ICES), Organização das Pescarias do Noroeste do Atlântico (OPNA/NAFO), Comissão Internacional para Conservação dos Tunídeos do Atlântico (CICTA/ICCAT) e da Comissão do Atum do Oceano Índico (CAOI/IOTC).
No mesmo documento, divulgado pelo Departamento do Mar e dos Recursos Marinhos do IPMA e no qual também se faz um aconselhamento científico para a gestão dos recursos pesqueiros em 2019, aconselha-se a uma pesca de zero toneladas de sardinha durante este ano, com base no critério do rendimento máximo sustentável (MSY, em inglês), que designa o “rendimento máximo que pode ser continuamente obtido de um stock em equilíbrio sob condições ambientais médias sem afectar significativamente o seu potencial reprodutivo”, nos termos do relatório.
Ali se referem mínimos históricos de recrutamento de alguns indivíduos da espécie, inferiores à média histórica e a TSF chegou a adiantar que Portugal e Espanha perderam 85% da biomassa da sardinha em pouco mais de 30 anos (uma queda do stock de sardinha ibérica de um milhão de toneladas em 1985 para 150 mil toneladas actualmente e que já estará abaixo das 337 mil toneladas recomendadas).
Alguns especialistas referem que face à redução do stock da sardinha e apesar das medidas de gestão que têm sido prosseguidas (e às quais a compilação do IPMA faz referência), espécies como a cavala, o biqueirão e carapau podem constituir alternativas, dado que são as outras espécies também capturadas pela frota do cerco, em boas condições de sustentabilidade, acessíveis e interessantes sob o aspecto económico.
Ouvido pela TSF, Humberto Jorge, da Associação Nacional das Organizações de Produtores de Pesca do Cerco (ANOPCERCO), manifestou esperança de que para 2019 sejam concedidas possibilidades de captura a Portugal superiores às 7.999 toneladas definidas para 2018, porque entende que há sinais de recuperação dos stocks. Mas essa definição ainda está por fazer, entre Portugal e Espanha, até porque depende dos resultados de dois cruzeiros científicos (o de Dezembro de 2018 e outro a realizar na Primavera), que só serão conhecidos no final de Maio.
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