A investigadora Márcia Lima acaba de desenvolver um software capaz de simular “a evolução da linha de costa para as próximas décadas” e indicar “que obras de defesa costeira melhor se adequam a cada praia tendo em conta custos e benefícios”, informa a Universidade de Aveiro (UA), onde a pesquisa foi realizada.
Márcia Lima, desenvolveu o software, denominado COAST, no âmbito de um Doutoramento em Engenharia Civil no Departamento de Engenharia Civil (DEC) da UA, sob orientação de Carlos Coelho, investigador do DEC na mesma instituição de ensino superior. Segundo apurámos junto da investigadora, de imediato, não existe a perspectiva de comercializar o produto, mas isso não invalida que essa via possa ser seguida posteriormente.
“A aplicação da ferramenta deve ser ponderada e realizada com precaução, uma vez que os resultados dependem dos pressupostos admitidos quer na projecção de cenários, quer na avaliação de custos e benefícios”, sublinha Márcia Lima. Como tal, “a ferramenta deve ser aplicada por especialistas possibilitando o apoio às entidades decisoras através de serviços de consultadoria”, que deverá ser o destino do novo software, refere a investigadora.
Segundo esclarece a UA, o software é “composto por três ferramentas – projecção da evolução da linha de costa para diferentes cenários de intervenção; dimensionamento da intervenção quando o cenário contempla obras de defesa costeira; avaliação de custos e benefícios da intervenção – o COAST pretende ajudar não só os cientistas a estudarem a erosão costeira como também auxiliar os responsáveis pela protecção da costa na escolha da melhor estratégia para prevenir cenários catastróficos”.
Márcia Lima considera que “a grande mais-valia do COAST em relação às ferramentas já existentes é a integração de três valências importantes na avaliação de intervenções de defesa costeira e o facto de permitir análises custo-benefício das intervenções”. No entanto, a complexidade e reduzida atractividade económica das soluções que ajudam a manter ou ampliar o território, recomendam um uso adequado do software e opções de compromisso quando se tratar de obras de defesa costeira.
Para a investigadora, “face à importância económica e social das zonas costeiras e aos problemas de erosão que enfrentam, é de antecipar um aumento dos investimentos necessários à realização e manutenção de intervenções de defesa costeira a curto e médio prazo”. Uma operação na qual o novo software poderá ser útil.
Márcia Lima defende também que as simulações com o COAST, “exigem um registo passado e outro actual de batimetria (profundidade do mar) e topografia do local de estudo, e o conhecimento do clima de agitação (estudo das ondas)”, além da necessidade de “conhecer o valor atribuído ao território, custos unitários dos materiais e estimativa de custos de manutenção das intervenções, ajustados à realidade do local de estudo”.
Um comentário em “Software da UA ajuda a compreender evolução da linha costeira”
Deixe um comentário Cancelar resposta
- Ainda o dilema da Mineração em Mar Profundo
- Para salvar os oceanos e os cetáceos temos de actuar já
- Para Celebrar o Dia da Terra _ e do Mar também…
- Bandeira Azul não se aplica apenas às praias mas também a Marinas e Marítimo-Turística
- Os quatro anos da Fundação Oceano Azul e a importância das AMP
- 14 Municípios já aceitaram competências para gerir praias
- Nem só de plásticos morrem os animais marinhos
- Foram resgatadas três baterias poluentes perto da Ilha de Culatra
Há décadas que se discute se deve ou não ser fechada a golada do Tejo.
Esta ferramenta poderá ser uma boa ajuda para a decisão.