Num relatório recente, a C4ADS, uma organização não lucrativa baseada nos Estados Unidos e dedicada a análises sobre conflitos e questões de segurança internacionais, sugere que a componente marítima do projecto chinês «One Belt, One Road», ou OBOR, que visa ligar o Extremo Oriente com a Europa e a África por via terrestre e marítima, inspirado na antiga Rota da Seda, destina-se a servir os interesses estratégico-militares da China.
Segundo divulgado no Maritime Executive, oficialmente, a China nega qualquer relação entre os projectos relacionados com o OBOR e os seus interesses estratégicos no plano militar. E argumenta que os investimentos feitos nesse contexto são oportunidades de “cooperação inclusiva”, quer para China, quer para os países, entidades e empresas envolvidas, e não um “instrumento de geopolítica”, segundo o relatório, assinado por Devin Thorne e Ben Spevack.
Para realizar esta análise, a C4ADS comparou as declarações e documentos oficiais da China sobre os seus investimentos marítimos e de segurança com posições não oficiais de analistas expostas em livros e em cerca de 130 artigos, especialmente os publicados em instituições chave próximas do Estado e do Partido Comunista Chinês, bem como do aparelho militar, nas quais se reflecte o debate interno sobre os objectivos dos investimentos marítimos feitos pelo país.
Os autores também analisaram uma amostra de 15 projectos de investimento chinês em portos na zona do Indo-Pacífico, que abrange o Mar Arábico, a Baía de Bengala, o Mar das Laquedivas (costa Sudoeste da Índia), o Mar de Andamão (parte do Índico a sul de Myanmar, oeste da Tailândia e noroeste da Sumatra, que faz ligação ao Pacífico pelo estreito de Malaca), o Golfo da Tailândia e o Mar do Sul da China, no âmbito do OBOR.
Segundo o relatório, as posições não oficiais de académicos chineses traduzem a ideia de que “o interesse central da China” em manter acesso a rotas marítimas é parte fundamental de uma estratégia chinesa de desenvolvimento no Indo-Pacífico. Os portos aí situados podem nem ser investimentos lucrativos, mas são uma forma de cultivar influência política, manter infra-estruturas para operações navais de longo alcance e “expandir furtivamente a presença militar chinesa”, afirmam os autores.
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