Um estudo da Universidsde do Colorado analisou o efeito de vários cenários de aumento das temperaturas no Árctico
Greenpeace

Um estudo realizado na Universidade de Colorado, dos Estados Unidos, revelou que um aumento de temperatura até 0,5º graus Celcius ao longo do próximo século, face aos níveis actuais, provocaria alterações significativas no Árctico, que poderiam contribuir para Verões sem gelo na região. No entanto, há uma boa notícia: o gelo recupera-se rapidamente no caso de as condições mudarem no futuro. Ainda assim, os investigadores do estudo esperam que a diferença significativa nos resultados possa ser um incentivo adicional para os países tentarem atingir a meta de aquecimento de 1,5º grau Celsius, a fim de preservar as condições ecológicas actuais.

O conjunto de dados reunidos permite “prever dentro de quanto tempo provavelmente veremos condições sem gelo e com que frequência”, referiu Alexandra Jahn, autora do estudo e professora assistente do Departamento e investigadora no Institute of Arctic and Alpine Research (INSTAAR). Num cenário de mais 4º graus Celsius, “teríamos uma alta probabilidade de um período livre de gelo de três meses (nos meses de verão) até 2050. No final do século, isso poderia saltar para cinco meses por ano sem gelo. E mesmo por metade desse aquecimento, condições de gelo até dois meses por ano são possíveis até ao final do século”. Mas, concluiu o estudo, se o aquecimento evoluir até 1,5º graus Celsius, a probabilidade de Verões sem gelo cairá para 70%, atrasando ou evitando tal ocorrência por completo.

“Eu não esperava descobrir que meio grau Celsius faria tanta diferença, mas realmente faz”, referiu Alexandra Jahn. Com um aumento de 1,5º graus Celsius, “vamos manter-nos metade do tempo dentro do actual regime de gelo no mar no Verão, e se atingirmos mais 2º graus de aquecimento, a área de gelo no Verão estará sempre abaixo da que experimentámos nas últimas décadas”, explica. Um limite crucial que já é referência em todo o mundo desde 2015, quando se assinou o Acordo Internacional sobre o Clima de Paris, cuja meta global era um aumento do aquecimento global até 1,5º graus Celsius. No entanto, “o gelo do mar tem tempos de resposta rápidos e poderia, teoricamente, recuperar se baixássemos as temperaturas globais”, esclarece, explicando que “enquanto isso, outros ecossistemas podem ver impactos negativos permanentes da perda de gelo, e esses não podem recuperar-se tão facilmente”.



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