A contínua queda do Baltic Dry Index é bem o reflexo do início dramático de 2016 para o transporte marítimo, salvo a surpreendente excepção dos navios tanques.

A queda constante do Baltic Dry Index em oito sessões consecutivas, atingindo ontem um novo mínimo histórico de 383 pontos, é bem o reflexo do drama vivido pelo mercado de transporte marítimo de granéis sólidos neste início de 2016. De facto, desde o final do ano, a sua queda situa-se já na ordem dos 20%, com os valores dos Capesize, Panamax e handysize a atingirem igualmente mínimos históricos.

Como já anteriormente referido, a causa directa desta queda deve-se essencialmente ao decréscimo da procura e importação de matérias-primas no mercado chinês, a par de um excesso de oferta no respectivo transporte também sem paralelo, com os preços dos fretes a caírem, consequentemente, para valores impensáveis até há pouco.

Num cenário como o actual, o Instituto Internacional de Transporte marítimo de Xangai (SISI), também veio já alertar para o forte aumento da probabilidade de ao longo do ano se verificar um aumento significativo de falências de empresas chinesas de transporte marítimo devido à impossibilidade financeira de suportarem por muito tempo uma tão acentuada queda no preço dos respectivos fretes de transporte, com a agravante de não se vislumbrar inclusive qualquer significativa retoma das importações do mercado chinês.

Sendo mais específico, o Instituo de Xangai refere mesmo que cerca de 60% das empresas de transporte marítimo de granéis sólidos chinesas se debatem já com problemas de perdas a longo-prazo e 40% enfrentam já problemas de liquidez.

Entretanto, uma excepção notável no mercado internacional do transporte marítimo surge na área do transporte de granéis líquidos, mais concretamente, no caso do transporte de crude, com o Baltic Dirty Tanker Index a subir na casa dos 60% desde Setembro do ano passado, atingindo agora 957 pontos.

Apesar do bom desempenho, as analistas do mercado não esperam agora no entanto novas grandes subidas nos preços dos fretes mas uma estabilização dado não se prever também um aumento significativo nos volumes a transportar tanto mais quanto, dado igualmente a queda do preço do crude, o aumento de volumes transaccionados terem respeitado essencialmente à reposição de reservas, não se esperando agora qualquer aumento nos tradicionais volumes de consumo.



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